04 fevereiro 2011

Barcas novas

Em Lixboa sobre lo mar
barcas novas mandei lavrar,
     ay mia senhora velida!

Em Lisboa sobre lo ler
barcas novas mandei fazer,
     ay mia senhora velida!

Barcas novas mandei lavrar
e no mar as mandei deitar,
     ay mia senhora velida!

Barcas novas mandei fazer
e no mar as mandei meter,
     ay mia senhora velida!
João Zorro, trovador português ou galego do séc. XIII


BARCAS NOVAS

Lisboa tem suas barcas
agora lavradas de armas

Lisboa tem barcas novas
agora lavradas de homens

Barcas novas levam guerra
as armas não lavram terra

São de guerra as barcas novas
no mar deitadas com homens

Barcas novas são mandadas
sobre o mar com suas armas

Não lavram terra com elas
os homens com sua guerra

Nelas mandaram meter
os homens com sua guerra

Ao mar mandaram as barcas
novas lavradas de armas

Em Lisboa sobre o mar
armas novas são mandadas

Fiama Hasse Pais Brandão, in Barcas Novas, 1967



Partida de militares portugueses para a guerra colonial (1961-1974) (Fotos de autores desconhecidos)

Comentários: 2

Blogger a.leitão escreveu...

Também andamos naquelas filas...

05 fevereiro, 2011 19:43  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Caro A. Leitão,
Quando eu fui mobilizado para Angola, já não se ia de barco. A Força Aérea tinha comprado em segunda mão uns Boeings 707 que a TAP possuía e passou a utilizá-los no transporte de tropas para África. As "hospedeiras" do avião eram cabos especialistas da Força Aérea...

Embarquei no chamado aeroporto militar do Figo Maduro (que não é mais do que a porta das traseiras do aeroporto da Portela), dentro da maior discrição que se possa imaginar, como se quisessem que ninguém soubesse. Já naquele tempo (ainda antes do 25A) parecia que tinham vergonha de nós, a "carne para canhão". Há atitudes que custam a engolir, e esta foi uma delas.

06 fevereiro, 2011 16:40  

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