Arte namban
Como é sabido, os portugueses foram os primeiros europeus a chegar ao Japão. A imagem que se mostra acima, que é um pormenor de um biombo namban, mostra bem a estranheza e a curiosidade que a sua chegada ao Japão provocou.
As pessoas vinham à porta espreitar os estranhos "bárbaros do sul" (namban-jin) vindos do outro lado do mundo e que passavam na rua, vestindo as suas ridículas bombachas (nome dado às calças largas em forma de balão que os portugueses então usavam) e acompanhados de escravos negros. Nunca em terras nipónicas se tinham visto tão estranhas gentes: uns indivíduos eram pálidos e tinham uns grandes narizes, enquanto que outros eram negros e tinham os cabelos crespos.
Durante o período Monoyama, que ocorreu por volta do ano 1600 e seguintes, os artistas japoneses retrataram -- em biombos, peças de mobiliário ou caixas lacadas -- portugueses desembarcando das suas naus, vestindo as suas bombachas ou as roupas negras dos padres jesuítas, visitando os senhores feudais locais, fazendo comércio com mercadorias exóticas trazidas de longe, etc. À arte japonesa que faz esta representação foi dado o nome de Arte namban. Esta arte caracteriza-se, portanto, por mostrar europeus de uma forma genuinamente japonesa. É um encontro entre o Oriente e o Ocidente.
Em Lisboa, podem ser admirados, no Museu Nacional de Arte Antiga, três ou quatro preciosos biombos namban. Abaixo deste texto, vê-se a fotografia de um biombo namban, igualmente magnífico, que mostra o desembarque de portugueses num porto nipónico (talvez Nagasaki) e também uma caixinha lacada, em que um português se encontra representado.
As pessoas vinham à porta espreitar os estranhos "bárbaros do sul" (namban-jin) vindos do outro lado do mundo e que passavam na rua, vestindo as suas ridículas bombachas (nome dado às calças largas em forma de balão que os portugueses então usavam) e acompanhados de escravos negros. Nunca em terras nipónicas se tinham visto tão estranhas gentes: uns indivíduos eram pálidos e tinham uns grandes narizes, enquanto que outros eram negros e tinham os cabelos crespos.
Durante o período Monoyama, que ocorreu por volta do ano 1600 e seguintes, os artistas japoneses retrataram -- em biombos, peças de mobiliário ou caixas lacadas -- portugueses desembarcando das suas naus, vestindo as suas bombachas ou as roupas negras dos padres jesuítas, visitando os senhores feudais locais, fazendo comércio com mercadorias exóticas trazidas de longe, etc. À arte japonesa que faz esta representação foi dado o nome de Arte namban. Esta arte caracteriza-se, portanto, por mostrar europeus de uma forma genuinamente japonesa. É um encontro entre o Oriente e o Ocidente.
Em Lisboa, podem ser admirados, no Museu Nacional de Arte Antiga, três ou quatro preciosos biombos namban. Abaixo deste texto, vê-se a fotografia de um biombo namban, igualmente magnífico, que mostra o desembarque de portugueses num porto nipónico (talvez Nagasaki) e também uma caixinha lacada, em que um português se encontra representado.
Foto: Museu da cidade de Kobe
Foto: Museu da cidade de Kobe
Comentários: 3
Sem deixar de confessar o respeito e atracção que tenho pelo requinte, precisão e minúcia da arte japonesa, gostaria de reparar no facto de os portugueses (também eles) um dia terem sido "exóticos" aos olhos de outros povos.
Obrigada (nasakwila, em cokwe) pelas imagens e informação.
Boa iniciativa, pena não haver mais textos e mesmo interesse por este tipo de arte e outros em que as influencias portuguesas estão presentes, como a arte indo-portuguesa, afro, cingalo, etc, etc.
Da arte namban o que mais me atrai são as guardas de sabre, tsubas e as suas representações de portugueses ou do chamado barco negro.
Caro Bruno Barros, as influências portuguesas na arte de outros povos encontram-se um pouco por todo o mundo, como sabe, tendo resultado em obras do mais elevado valor artístico.
Mas as influências dos povos não-europeus sobre a arte portuguesa, pelo contrário, são reduzidas, com excepção do fado, que é de origem afro-brasileira, e pouco mais.
Li algures aqui na Net que «estivemos 500 anos em Macau e não aprendemos nada com os chineses». Nem com os chineses, nem com os outros povos não-europeus. Na minha opinião (que pode estar errada, como todas as opiniões), nós, portugueses, somos subservientes em relação a tudo o que vem da Europa e sobranceiros em relação a tudo o que vem do resto do mundo.
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