São Macário
(Se estiver interessado em São Macário do Egipto, queira consultar, por exemplo, esta página).
Conta-se que Macário era um homem cuja profissão obrigava a prolongadas ausências de casa. Uma vez, depois de uma dessas ausências, ele regressou a casa mais cedo do que se esperava e encontrou um homem a dormir na sua cama. Julgando que a sua mulher o estava a trair e cego pelo ciúme, logo Macário matou o homem adormecido. Assim que consumou o crime, Macário verificou, horrorizado, que tinha acabado de assassinar o seu próprio pai, que a sua esposa tinha acolhido em sua casa durante a sua ausência. Para expiar tão grande pecado, Macário fez-se então eremita e foi viver para uma gruta, onde passou o resto da sua vida em jejuns e oração.
A pequena capela, cujo telhado de xisto se vê na fotografia acima, foi construída no local da gruta onde São Macário viveu. Fica situada perto do ponto mais elevado da Serra de Arada, também chamada Serra de São Macário, que fica a norte de São Pedro do Sul e a sudoeste de Castro Daire, no distrito de Viseu. A serra que se vê em último plano na imagem é a do Caramulo.
Esta capela foi alvo de uma disputa entre duas freguesias vizinhas, que reclamavam para si o dinheiro proveniente das esmolas deixadas pelos fiéis. A disputa resolveu-se com a construção, no ponto mais alto da serra, a poucas centenas de metros desta que aqui se vê, de uma outra capela, maior do que esta e circundada por um muro de pedra para proteger os visitantes dos ventos gelados, a qual também foi dedicada a São Macário. Assim, cada freguesia ficou com a sua "Capela de São Macário" e a disputa ficou sanada.
Como se vê na fotografia, a cobertura da capela original de São Macário é constituída por placas de xisto e não por telhas. As placas de xisto constituem a cobertura tradicional das casas da região, mas este tipo de cobertura é cada vez menos utilizado. Há alguns anos, houve um movimento no sentido de repor a cobertura tradicional das casas. Como consequência deste movimento, em algumas aldeias, como Canelas, Cabril e Vitoreira, todas as casas ficaram outra vez cobertas de xisto. Agora, porém, a maior parte das casas já está de novo coberta de telhas.
A vista que se tem do alto da Serra de Arada é digna de ser admirada, valendo bem a pena ir lá acima. O acesso mais fácil, para quem vai de carro ou de autocarro, é feito a partir de São Pedro do Sul, passando por Sul, que é a antiga sede de concelho. O acesso é tão fácil, que quase não nos apercebemos da subida. Só quando chegamos lá acima e de repente deparamos com uma vista grandiosa, é que nos damos conta de quanto subimos.
O acesso a partir da vila de Castro Daire é muito mais íngreme, mas muito mais bonito. Não é, porém, muito aconselhável a autocarros.
O acesso mais belo e mais grandioso é, sem a mínima sombra de dúvida, a estrada que vem de Arouca (visitar o mosteiro!), passando por Ponte de Telhe e pelo Portal do Inferno. Este acesso é totalmente desaconselhável a autocarros e, em dias de má visibilidade, é perigosíssimo para qualquer tipo de veículos. À passagem pelo Portal do Inferno, a estrada é de terra e não tem quaisquer resguardos laterais, apesar de haver um abismo de cada lado. Não é por acaso que aquele local se chama Portal do Inferno. A sua grandiosidade é de cortar a respiração.
Perto do São Macário e encolhida numa dobra da serra, fica uma aldeia muito típica e muito bonita, chamada Pena. Na fotografia que publico aqui em baixo, vê-se um grande afloramento quatzítico de forma piramidal, que é a penha que dá o nome à aldeia, e alguns socalcos dos campos pertencentes aos habitantes. A aldeia propriamente dita não se vê, ficando quase "debaixo" dos nossos pés. Há dois anos, apenas uma família habitava permanentemente a Pena. Agora não sei.
No fundo do vale que se vê atrás da pirâmide, corre o Rio Paiva. Os montes que se vêem na outra margem são da Serra de Montemuro, cujo ponto mais elevado tem uma altitude superior a 1200 metros.