A Praia do Creiro vista das proximidades do Convento dos Capuchos da Arrábida. Esta praia estende-se desde uma ponta situada em frente da Pedra da Anicha, no mar, até ao Portinho da Arrábida propriamente dito, escondido em baixo e à direita por uma "dobra" da Serra da Arrábida
Agora que estamos quase no inverno, proponho uma ida… à praia. Não a uma dessas frias praias varridas pelo vento e batidas pelo mar (que também têm a sua própria beleza, há que admitir), mas sim a uma maravilhosa praia amena e doce, que é um dos maiores tesouros que se encontram aninhados na Serra-Mãe de Sebastião da Gama, a Serra da Arrábida.
Agora que poucas pessoas demandam uma tão preciosa praia, é a ocasião perfeita para nos deliciarmos com a suavidade da fina areia escapando-se por entre os dedos dos nossos pés, com o misterioso nevoeiro que cobre e logo a seguir descobre a serra e a sua vegetação mediterrânica, com a cor verde esmeralda das águas do seu mar límpido e transparente sob o morno sol de inverno, com a paz infinita que nos é transmitida por uma praia deserta, ou quase, que nos deixa a sós com o mar, de um lado, e uma esplendorosa serra, do outro. Com um pouco de sorte, talvez consigamos observar as acrobacias dos roazes (golfinhos) no mar ou avistar alguma raposa com ar desafiante em terra, como eu também já avistei.
Do meio da Praia do Creiro para nascente, vê-se a Pedra da Anicha no mar, destacada da serra
Do meio da Praia do Creiro para poente, vê-se o Portinho da Arrábida propriamente dito, quase ao nível do mar
Twenty Minutes of Love, que em Portugal se chamou Charlot Apaixonado e no Brasil Carlitos contra o Relógio, é considerado o primeiro filme realizado por Charlie Chaplin, embora o nome de Joseph Maddern seja por vezes referido também. Este filme tem a duração aproximada de dez minutos (e não vinte, como sugere o título original) e foi estreado em 1914
Audivi vocem de cælo e Pater, peccavi, duas peças polifónicas do compositor renascentista português Duarte Lobo (c. 1565–1646), pelo agrupamento vocal dinamarquês Ars Nova, de Copenhaga, sob a direção de Bo Holten
Imagem de uma criança escrava em Zanzibar, num slide de vidro para "lanterna mágica" e datada de 1890. A legenda que acompanha este slide afirma o seguinte: «Castigo de um patrão árabe por uma ofensa ligeira. O barrote pesava 32 libras [perto de 15 kg], e o rapaz só se podia movimentar transportando-o sobre a sua cabeça. Uma fotografia real tirada por um dos nossos missionários». Museu Marítimo Nacional, Greenwich, Reino Unido
Entrada principal do edifício, em estilo Arte Nova, da Secessão de Viena, da autoria do arquiteto Joseph Maria Olbrich (1867–1908) (Foto: Österreich Werbung)
Em plena cidade de Viena, na Friedrichstraße, que fica na vizinhança da Karlsplatz, existe um edifício destinado a exposições, que começou por ser um "templo" do estilo Arte Nova vienense e agora é um museu. É a chamada Secessão, concebida por Joseph Maria Olbrich e construída em 1897–98. Nela, um grupo de artistas, que rompeu com o academismo dominante na cidade (daí o nome "Secessão"), pôde dar largas à sua criatividade e expô-la perante os olhos do público. Entre estes artistas encontrava-se o pintor austríaco Gustav Klimt.
No ano 1902, teve lugar na Secessão de Viena uma exposição de homenagem a Ludwig van Beethoven, realizada em torno de uma escultura deste grande compositor feita pelo alemão Max Klinger. A escultura já não está em Viena e encontra-se no Museu de Belas-Artes de Leipzig, na Alemanha. Ela representa Beethoven como um deus do Olimpo, sentado num trono ricamente decorado e tendo diante de si uma águia. O compositor está inclinado para a frente, com as pernas cruzadas e os punhos cerrados, e tem a mesma expressão determinada e enérgica que se pode ver nos milhares de bustos de Beethoven que estão em cima de quase todos os pianos, das pessoas que têm piano em casa.
O compositor alemão Ludwig van Beethoven, numa escultura de Max Klinger (1857–1920) (Foto de autor desconhecido)
Numa das divisões do edifício da Secessão, ao lado daquela onde se encontrava a escultura, o pintor Gustav Klimt criou um friso também dedicado a Beethoven, que pintou diretamente nas paredes da sala e que se destinava a durar apenas o tempo que durasse a exposição. Terminada esta, o friso deveria ter sido destruído, mas felizmente não foi. Um colecionador comprou o friso, este foi retirado intacto e, após diversas vicissitudes, resultantes dos acontecimentos históricos entretanto ocorridos na Áustria (nazismo e 2.ª guerra mundial), o friso acabou por ser comprado pelo Estado, restaurado e colocado numa pequena divisão da cave da Secessão, onde atualmente se encontra.
O Friso Beethoven, de Klimt, é uma obra complexa e cheia de significados, que foi inspirada no 4.º andamento da Sinfonia n.º 9 de Beethoven, o da "Ode à Alegria". Ao longo dos 34 metros de comprimento do friso, desfilam diante dos olhos do observador as diversas representações pictóricas que a obra-prima musical de Beethoven sugeriu a Klimt.
4.º andamento da Sinfonia n.º 9 em Ré Menor, op. 125, de Ludwig van Beethoven (1770–1827), por Christiane Karg (soprano), Lena Belkina (meio-soprano), Michael Schade (tenor), Luca Pisaroni (baixo), Coro da Sociedade Filarmónica de Viena e uma orquestra ad-hoc constituída por músicos pertencentes às seguintes formações orquestrais: Concentus Musicus de Viena, Orquestra da Academia de Viena, Orquestra Sinfónica da Rádio ORF de Viena, Orquestra dos Músicos da Baixa Áustria e Orquestra Sinfónica de Viena. Direção do maestro austríaco Patrick Hahn
Na impossibilidade prática de mostrar o friso completo neste modesto blog, juntamente com as respetivas interpretações e significados, mostro aqui a pequena sala que o contém e alguns dos trechos mais representativos do friso.
O Friso Beethoven, de Gustav Klimt (1862–1918), tal como se encontra na cave da Secessão de Viena (Foto: Oliver Ottenschläger)
Num trecho da parede do lado esquerdo, uma rapariga e um casal, à esquerda, representam os sofrimentos da Humanidade, que implora a um cavaleiro que lhes traga a felicidade. Atrás do cavaleiro, veem-se duas mulheres, que representam a Ambição (à esquerda) e a Compaixão (à direita) (Foto de autor desconhecido)
Na parede central do friso, mais à esquerda, veem-se as três Górgonas (Medusa, Esteno e Euríale), atrás das quais se vislumbram algumas figuras sinistras, incluindo a Doença, a Loucura e a Morte. Para a direita das Górgonas e preenchendo a quase totalidade da parede, estende-se o pai delas, Tifeu ou Tifão, um monstro alado que surge representado com cara de macaco, grandes asas e uma enorme e retorcida cauda de serpente. Simboliza a Matéria. Logo à direita da cara de macaco, estão três figuras femininas, que representam a Luxúria, a Impudicícia e a Incontinência. Ainda mais para a direita, duas figuras esqueléticas simbolizam o Sofrimento (Foto de autor desconhecido)
À esquerda da parede do lado direito, está a figura da Poesia, vestida com uma túnica dourada e tocando cítara (Foto de autor desconhecido)
À direita da Poesia (à esquerda nesta imagem), estão representadas as Artes, que apontam para um coro que está de pé sobre um campo de flores e canta a "Ode à Alegria", enquanto no lado direito um homem dá um beijo apaixonado, no meio de uma atmosfera de alegria, felicidade e amor (Foto de autor desconhecido)
O
cão
que
mais
ganir
é
francês,
eco
nostálgico
de
uma
Bretanha
em fúria,
uvas
sangrentas,
espelho
ratado
pelo
sítio
do umbigo.
Um
bicho
que
gane
merece
os
ardis
todos
e
sulfúricas
desgraças.
Dá-se
ao
animal
o
que
vier
do
medo
(rebuçado
com
buço
de
sapo)
e
as
máscaras
do
Lácio
passam.
Então
ser
voada
flor
em chaga
ou
simples
cão
já
não
atrapalha
nem
é trapaça.
Um
coração
que
ladra
tem
sempre
boa
raça.
Autorretrato, 1860, óleo sobre tela de Francisco José Resende (1825–1893). Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto, Portugal
Vendedeiras, óleo sobre metal de Francisco José Resende (1825–1893). Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto, Portugal
Alimentando as Galinhas, de Francisco José Resende (1825–1893). Coleção particular
Varina e Pescador, 1859, de Francisco José Resende (1825–1893). Coleção particular
Castelo de Guimarães, 1859, aguarela de Francisco José Resende (1825–1893). Coleção particular
Francisco José Resende de Vasconcelos foi um pintor e escultor português, nascido na cidade do Porto em 1825, no seio de uma família da grande burguesia. Desde pequeno, frequentou os meios artísticos e literários do Porto, tendo-se tornado amigo pessoal do escritor Camilo Castelo Branco, que era da mesma idade.
Francisco José Resende estudou na Academia Portuense de Belas-Artes e fez-se discípulo de Augusto Roquemont. Após o falecimento deste pintor de origem suíça, Francisco José Resende rumou a Paris, graças a uma bolsa concedida por D. Fernando II. Em Paris, estudou com Adolphe Yvon e visitou inúmeras exposições, museus e galerias de arte, nomeadamente o Museu do Louvre. A pintura de Rubens, sobretudo, exerceu sobre ele uma grande influência. Após Paris, Francisco José Resende rumou a Londres, onde se casou com Caroline Wilson, com quem teve uma filha, Claire Wilson de Resende, que se tornou igualmente pintora, conhecida como Clara de Resende. O casamento durou pouco tempo e, após a separação, Francisco José Resende regressou a Portugal com a filha, que ficou à sua responsabilidade.
De volta ao Porto, Francisco José Resende tornou-se professor da Academia Portuense de Belas-Artes, que tinha frequentado como aluno, dando aulas de Desenho de Modelo Nu, primeiro, e de Pintura, depois. Entretanto, continuava a pintar e a satisfazer as numerosas encomendas de retratos que lhe eram feitas por personalidades diversas. Viajou pela Europa, sempre acompanhado pela sua filha, Clara de Resende, até que uma grave doença atingiu esta pintora. Em 1880, uma doença degenerativa deformou as mãos de Clara de Resende (teria sido paramiloidose?), quando ela tinha 30 anos de idade, e mudou a vida dela e do seu pai, que nunca a abandonou. O resto da vida de Francisco José Resende ficou condicionado pela doença da filha, até à morte dele ocorrida no Porto em 1893. Clara de Resende, por sua vez, faleceu em 1933, também na cidade do Porto, e estão ambos sepultados, lado a lado, no cemitério de Agramonte, no Porto.