31 outubro 2022

GMB Akash



GMB Akash é um fotojornalista do Bangladesh, que tem partilhado espantosas fotografias do seu país nas redes sociais.

GMB Akash começou a fotografar em 1996 e desde então tem ganho dezenas e dezenas de prémios e viu uma sua fotografia selecionada para o World Press Photo. Já veio a Portugal, onde proferiu uma conferência num evento TEDx realizado no Porto. Dá cursos de fotografia "on the job" com a duração de uma semana, no Bangladesh. Tem feito tudo o que pode no combate à pobreza, trabalho infantil, exclusão social, etc., mas o seu esforço pessoal é uma gota de água no oceano de necessidades de um dos países mais pobres do mundo.

Estas são algumas das muitas fotografias sobre o Bangladesh que GMB Akash tem vindo a publicar na internet.














29 outubro 2022

A cidade da primavera


Misto vesni (Місто весни), "A cidade da primavera", uma canção sobre a cidade de Lviv, no oeste da Ucrânia, pelas vozes de Svyatoslav Vakarchuk (Святослав Вакарчук) e Irina Shvaydak (Ірина Швайдак), ambos ucranianos

27 outubro 2022

Os povos indígenas no Brasil contemporâneo


Colagem de trechos de vídeos diversos, que nos mostra alguns aspetos da vida, dos problemas, das lutas e das aspirações dos povos originários do Brasil

20 outubro 2022

A triste história do zero poeta

Numa certa conta havia
um zero dado à poesia
que tinha um sonho secreto:
fugir para o alfabeto.

Sonhava tornar-se um O
nem que fosse um dia só,
ou ainda menos: só
o tempo de dizer: «Oh!»

(Nos livros e nas seletas
o que mais o comovia
eram os «Ohs!» que os poetas
metiam nas poesias!)

Um «Oh!» lírico e profundo,
um só «Oh!» lhe bastaria
para ele dizer ao mundo
o que na alma lhe ia!

E o que na alma lhe ia!
Sonhos de glórias, esperanças,
ânsias, melancolia,
recordações de criança;

além de um grande vazio
de tipo existencial
e de uma caixa que o tio
lhe pedira para guardar;

e ainda as chaves do carro
e uma máscara de entrudo…
Não tinha bolsos, coitado,
guardava na alma tudo!

A alma! Como queria
gritá-la num «Oh!» sincero!
Mas não passava de um zero
que, oh!, não se pronuncia...

Daí que andasse doente
de grave doença poética
e em estado permanente
de ansiedade alfabética.

E se indignasse e etc.
contra o destino severo
que fizera dele um zero
com uma alma de letra!

Tanta ambição desmedida,
tanto sonho feito pó!
E aquele zero dava a vida
para poder dizer «Oh!»…

Manuel António Pina (1943–2012)



16 outubro 2022

Salve Regina, de Diogo Dias Melgás


Moteto a quatro vozes Salve Regina, do compositor português Diogo Dias Melgás, nascido na vila alentejana da Cuba em 1638 e falecido em Évora em 1700. Interpretação do agrupamento vocal The Windsor Consort, constituído por cantores portugueses e ingleses

14 outubro 2022

Carta de uma mãe ao seu filho soldado na guerra colonial


Transcrição literal, incluindo os erros de ortografia.

10 de Dezembro de 1969

Recordação da Saudade

Meu filho a tua mãe
Tanto suspira por ti
Até chego a pensar
Que não te lembras de mim

Se tu soubesses meu filho
O amor que a tua mãe te tem
Vejo vir os aviões
E notícias tuas não vêm

Será que tu me esqueces-te
Ou a carta se perdeu
Mas perdoa-me meu amor
Se a creminosa sou eu

Tinha a carta quase feita
E ainda fui ao correio
Agora estou satisfeita
Porque a notícia já veiu

Lá vinha o meu querido filho
A ler o que me mandava
Com uma cara de riso
E eu com saudades chorava

Agora estou satisfeita
Assim como tu também
Já recebes-te notícias
Da tua mãe por alguém

Adeus meu filho querido
Eu do coração te peço
Que não esqueças a tua mãe
Que aguarda o teu regresso

Trago-te no coração
Mas ando sempre em cuidados
Daqui mando um forte abraço
Para todos os nossos soldados

Eu aqui peço a Deus
E á Virgem Santa Maria
Que seja a vossa protectora
E de todos a vossa guia

Adeus amor que eu cá fico
Com o coração em pedáços
E saudades de não te ver
Para te apertar nos meus braços.


O Que Fez Uma Mãe Dominada Pela Dor.

Leopoldina Duarte


Militares na guerra colonial. Neste caso, são elementos da Companhia de Artilharia 3451, do Batalhão de Artilharia 3860, fotografados, talvez, na Serra de Mucaba, no norte de Angola (Foto: Luis Cabral)

12 outubro 2022

Isto não é um poema


Isto não é um poema, canção pelo Duo Canhoto, de Angola. O Duo Canhoto é constituído por Antero Moisés Ekuikui e Guilherme Maurício, ambos canhotos

06 outubro 2022

Francisco Henriques


Última Ceia, c. 1508, óleo sobre madeira de Francisco Henriques (14??–1518). Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, Portugal

Paixão dos Cinco Mártires de Marrocosc. 1508, óleo sobre madeira de Francisco Henriques (14??–1518). Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, Portugal

Aparecimento de Cristo a Madalena, 1508–13, óleo sobre madeira de Francisco Henriques (14??–1518). Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, Portugal

Francisco Henriques é o nome em português de um pintor flamengo que por volta do ano 1500 veio trabalhar para Portugal, onde faleceu, vítima de peste, em 1518.

Francisco Henriques terá nascido em ano desconhecido do séc. XV e deve ter sido discípulo de Gerard David na cidade de Bruges. Gerard David foi um notável pintor, também flamengo, que popularizou o uso da pintura a óleo, uma técnica até então de utilização restrita, a qual permitiu a execução de quadros de grande luminosidade e riqueza cromática, que são características da pintura renascentista flamenga.

Uma vez chegado a Portugal, Francisco Henriques terá dirigido uma oficina de pintura em Viseu, onde orientou discípulos tão talentosos como Vasco Fernandes, que viria a ser conhecido como Grão Vasco, então ainda no início da sua carreira. Terá sido Francisco Henriques que dirigiu a equipa de pintores que executaram o Políptico da Capela-Mor da Sé de Viseu. Dos 18 painéis que compunham este extraordinário políptico, 14 encontram-se atualmente ali ao pé, no Museu Nacional de Grão Vasco.

Entre 1503 e 1508, Francisco Henriques executou um magnífico retábulo para a capela-mor da Igreja de São Francisco em Évora, composto por 16 painéis. Destes, 11 painéis estão no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, 4 estão na Casa dos Patudos — Museu de Alpiarça e um desapareceu.

Em 1512, Francisco Henriques voltou à Flandres, para contratar outros pintores que viessem para Lisboa trabalhar com ele. Desconhece-se quais terão sido esses pintores. Apenas se pode especular, com base no estilo patente nas obras de contemporâneos seus. Assim, poder-se-á depreender que entre os flamengos trazidos por Francisco Henriques para Portugal terá estado um anónimo conhecido como Mestre da Lourinhã e um outro anónimo chamado Mestre do Inferno, por ter sido ele quem pintou um notável quadro que representa o Inferno e que está no Museu Nacional de Arte Antiga.

Em 1518, uma epidemia de peste declarou-se em Lisboa, a qual ceifou a vida de Francisco Henriques e de muitos dos seus colaboradores, porque o rei D. Manuel I exigiu que eles ficassem na capital portuguesa a concluir uma encomenda que tinham em mãos.