Auroras boreais
Uma aurora boreal fotografada na Noruega em 20 de janeiro de 2010 (Foto: Ørjan Bertelsen)
As auroras boreais são fascinantes fenómenos luminosos, que se observam por vezes, durante a noite ou o crepúsculo, no céu das regiões do planeta situadas nas proximidades do Polo Norte. Nas proximidades do Polo Sul também se podem observar fenómenos iguais. Neste caso, estes fenómenos chamam-se auroras austrais.
As auroras boreais e austrais manifestam-se sob a forma de cortinas de luz coloridas, que ondulam magicamente pelo céu. A sua cor predominante é o verde, mas também podem ter outras cores, como vermelho, azul, etc.
Estes estranhos fenómenos resultam do choque de partículas eletricamente carregadas, que o Sol lançou para o espaço, com as camadas mais altas da atmosfera da Terra. São fenómenos que acontecem quando ocorre uma erupção solar, à qual está associada a existência de manchas escuras na superfície do Sol, chamadas manchas solares. O número de manchas solares aumenta ciclicamente de 11 em 11 anos, aproximadamente. Presentemente, estamos a entrar num período de maior número de manchas, que se prolongará por mais três ou quatro anos. Isto quer dizer que há agora uma maior probabilidade de ocorrência de auroras boreais e austrais nas regiões próximas dos polos.
A probabilidade de acontecer uma aurora boreal em Portugal é extremamente pequena, porque Portugal está muito afastado do Polo Norte. Teria que haver uma ejeção de matéria solar em direção à Terra verdadeiramente gigantesca para que acontecesse uma aurora boreal no nosso país. Nos dias 1 e 2 de setembro de 1859 ocorreu uma ejeção assim. Foi a maior tempestade solar que foi registada até agora, a qual provocou auroras boreais no México, em Cuba e em Itália, entre outros países. Não sei se também se viu alguma em Portugal nesses dias, mas pode ter acontecido.
A origem e as causas das auroras boreais e austrais são explicadas de forma muito simples num sugestivo vídeo. Infelizmente não há nenhuma versão deste vídeo em português; só há em norueguês e em inglês. A versão em inglês é a que se pode ver a seguir, mas antes de a apresentar, permito-me fazer a seguinte tradução para português do que nele é dito:
«Nas noites árticas, a aurora boreal flameja frequentemente à noite no inverno. O que é e de onde é que ela vem?
É aqui que a história da aurora boreal e austral começa: no Sol, uma estrela de tamanho médio, entre milhares de milhões de outras estrelas da nossa Via Láctea.
O Sol funciona como uma enorme central produtora de energia. A energia é criada bem dentro do núcleo do Sol. Aqui, a temperatura é superior a 14 milhões de graus e a pressão é tão gigantesca que os átomos de hidrogénio são fundidos uns nos outros, de modo a constituírem-se num outro elemento, o hélio. Esta reação nuclear liberta energia.
Esta energia irradia a partir do núcleo do Sol. Nas camadas exteriores, a energia dirige-se para a superfície em gigantescas correntes elétricas induzidas de gás, chamadas células de convecção. Estas correntes de gás com carga elétrica criam campos magnéticos dentro do Sol. Em alguns lugares, fortes campos magnéticos irrompem através da superfície. Eles desaceleram as correntes induzidas de gás quente. A superfície arrefece e aparecem manchas solares mais escuras. O gás eletricamente carregado é chamado plasma. O plasma estende os campos magnéticos ainda mais para fora do Sol.
O campo magnético estica-se e torce-se como um elástico. A seguir, o elástico rompe-se. Vários milhares de milhões de toneladas de plasma são ejetados para longe do Sol. A isto dá-se o nome de tempestade solar.
A tempestade solar pode atingir velocidades de mais de 8 milhões de quilómetros por hora. Seis horas depois, ela passa pelo planeta Mercúrio. Doze horas depois, pelo planeta Vénus. E depois de passadas dezoito horas, a tempestade solar atinge a Terra.
Quando a tempestade solar atinge o nosso planeta, algo estranho acontece. Um escudo invisível -- o campo magnético da Terra -- desvia a tempestade. Os campos magnéticos do plasma solar e da Terra unem-se um ao outro e criam um funil, através do qual as correntes de gás se dirigem para o lado diurno dos polos. Estas são as auroras boreal e austral diurnas. A seguir, os campos magnéticos esticam-se mais para trás e unem-se um ao outro. O elástico magnético rompe-se e gás da tempestade solar encaminha-se através das linhas magnéticas em direção aos polos no lado noturno. Estas são as auroras boreal e austral noturnas.»
A seguir podemos ver um outro vídeo, que mostra uma aurora boreal registada no norte da Noruega. Neste vídeo, de belos efeitos, as imagens estão aceleradas.