Igreja de Santa Maria, Óbidos (Foto: milosk50 / shutterstock)
Óbidos dispensa apresentações. Os elogios que são dirigidos a esta vila de recorte medieval são constantes e são plenamente merecidos. Óbidos exerce um fascínio irresistível sobre todos os que a visitam.
Se me perguntarem o que merece ser visto em Óbidos, responderei sem hesitar: «Tudo. As ruas, as casas, a muralha, as igrejas, a Porta da Vila, o castelo, o pelourinho, as flores, enfim, tudo». Se, mesmo assim, insistirem comigo para que individualize em Óbidos um ponto de interesse que sobreleve todos os demais, então responderei: «O túmulo de D. João de Noronha, o Moço, que está na Igreja Matriz, dedicada a Santa Maria». Para mim, pelo menos, é a joia mais preciosa de todas quantas existem em Óbidos, e são muitas.
Quem segue pela Rua Direita (que é torta) e chega à Praça de Santa Maria, onde também está o pelourinho da vila, sente o seu olhar atraído pelo lindo portal renascentista da igreja. Muitas pessoas passam, fotografam, mas não descem para entrar. Não sabem o que perdem.
Túmulo de D. João de Noronha, o Moço, na Igreja de Santa Maria, Óbidos (Foto: Maragato)
O interior da Igreja de Santa Maria é lindíssimo, com as suas paredes revestidas de preciosos azulejos barrocos, o retábulo do altar-mor da autoria do pintor João da Costa, o órgão de tubos, o retábulo de Santa Catarina pintado por Josefa d'Óbidos e, sobretudo, o túmulo de D. João de Noronha, o Moço, em estilo renascentista e da autoria de um grande escultor francês radicado em Portugal, chamado
Nicolau de Chanterene, em francês Nicolas de Chantereine (1470–1551).
Em vez de representar um jacente, que é uma reprodução da figura do morto em posição deitada, o túmulo de D. João de Noronha, o Moço, representa uma dramática
Pietà, ou seja, a figura de Nossa Senhora com Jesus Cristo morto nos braços.
Este túmulo está inserido num amplo portal com arco de volta redonda, que também é renascentista, mas que é da autoria de outro grande escultor francês, chamado
João de Ruão, em francês Jean de Rouen (1500–1580), que viveu em Coimbra.
Pormenor do túmulo de D. João de Noronha, o Moço, na Igreja de Santa Maria, Óbidos. Figura representando Maria Madalena (Foto de autor desconhecido)