El Greco, Vista de Toledo, óleo sobre tela, The Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque
Repare-se no quadro reproduzido acima. Por mais moderno que pareça, ele foi pintado há precisamente 410 anos! Ninguém diria! O seu autor é um pintor, escultor e arquitecto grego nascido em Creta em 1541 e falecido em Espanha em 1614. O seu nome verdadeiro era Domenikos Theotokópoulos, mas o seu nome artístico era, simplesmente, El Greco, nome pelo qual ele é conhecido em todo o mundo. El Greco foi sem dúvida um dos mais importantes pintores europeus de sempre.
À vista deste quadro fantasmagórico e de outros quadros seus que mostram pessoas de corpos alongados e de músculos contorcidos, houve quem dissesse que El Greco deveria sofrer de uma qualquer doença mental, à semelhança de Van Gogh. Outros disseram que ele deveria ter um problema qualquer na visão, que o faria ver o mundo distorcido e alongado. O mais provável, no entanto, é que El Greco tivesse uma visão normal e regulasse bem da cabeça.
Na verdade, o estilo de El Greco reflecte as influências recebidas na sua Grécia natal, através dos ícones da Igreja Ortodoxa Grega, e em Itália, onde ele privou com alguns grandes nomes do Renascimento, como Miguel Ângelo. El Greco pegou nestas influências e transmitiu-lhes um cunho muito pessoal e de acordo com os cânones da arte maneirista.
Como escrevi uma vez, o maneirismo cultivava a distorção e o exagero, em contraste com a perfeição renascentista.
A modernidade da obra de El Greco pode ser evidenciada na pintura "A Abertura do Quinto Selo" que a seguir se reproduz. Esta pintura representa uma passagem bíblica do Apocalipse, em que se vê, em primeiro plano, São João Evangelista e, mais atrás, algumas almas recebendo o manto da Salvação. Esta pintura de El Greco é tão moderna que serviu de inspiração a Pablo Picasso para a sua obra-prima cubista "Les Demoiselles d'Avignon", que se mostra mais abaixo.
El Greco, A Abertura do Quinto Selo, óleo sobre tela, The Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque
Pablo Picasso, Les demoiselles d'Avignon, óleo sobre tela, Museum of Modern Art, Nova Iorque