31 outubro 2020

Arte ASCII


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(Desenho de autor desconhecido)

        O acrónimo ASCII (pronuncia-se habitualmente ásski) significa "American Standard Code for Information Interchange". É um código binário, constituído por zeros e uns (chamados bits), em número de sete, que foi criado nos anos 60 do séc. XX para permitir o entendimento entre os diferentes equipamentos eletrónicos usados em comunicação telegráfica digital, chamada telex. Cada máquina empregue na transmissão de mensagens por telex era chamada teletipo, a qual era uma espécie de máquina de escrever eletrónica controlada remotamente. O código ASCII permitia que diferentes máquinas de diferentes fabricantes pudessem comunicar entre si, "falando" todas a mesma "língua", sem misturarem alhos com bugalhos.
        Como disse, o código ASCII era constituído por sete bits, desde 0000000 até 1111111, permitindo a transmissão de 128 sinais distintos. Muitos destes sinais correspondiam a letras. Por exemplo, o sinal 1001101 correspondia à letra M maiúscula. Outros sinais correspondiam a símbolos. Por exemplo, o sinal 0100101 correspondia ao símbolo %. Outros sinais destinavam-se a coordenar a comunicação entre as máquinas e a controlar os movimentos da máquina de destino. Por exemplo, o sinal 0001010 significava "mudança de linha", para que o teletipo de destino passasse a escrever numa nova linha.
        Com a generalização do uso dos computadores, surgiu igualmente a necessidade de os pôr a comunicar entre si, independentemente do seu modelo e fabricante. Em vez de se criar um novo código, passou a utilizar-se o já existente código ASCII. Quando por fim surgiu a Internet, ainda na sua forma mais primitiva, mais uma vez o código ASCII foi o escolhido para a transmissão de mensagens, envio de emails, troca de opiniões nos newsgroups (as redes sociais daquela época), e tudo o mais que foi aparecendo ao longo do tempo até ao surgimento da World Wide Web e das suas capacidades gráficas.
        O código ASCII era somente constituído por carateres gráficos e de controle, não permitindo a transmissão de imagens, mas alguns espíritos mais imaginativos começaram a criar e a enviar desenhos que empregavam unicamente os carateres gráficos do código ASCII. Nasceu então uma nova forma de arte, a arte ASCII, da qual se fizeram milhares de figuras diferentes, sempre e só com recurso à utilização do código ASCII e nada mais. Alguns exemplos desta fascinante forma de arte são mostrados a seguir.

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(Desenho de autor desconhecido)


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(Desenho:Joan Stark)


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(Desenho: Shanaka Dias)


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(Desenho de autor desconhecido)


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(Desenho de autor desconhecido)


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(Desenho de autor desconhecido)


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(Desenho: CJ)


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(Desenho de autor desconhecido)


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(Desenho: Morfina)


       
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(Desenho: SSt)

22 outubro 2020

Onde estão os bandidos?


The Knight Errant, 1870, óleo sobre tela de John Everett Millais (18291896), Tate Gallery, Inglaterra, Reino Unido

O quadro que aqui se reproduz é uma representação romantizada de uma das figuras mais marcantes da literatura medieval europeia, em geral, e portuguesa, em particular. É a figura do cavaleiro andante, um cavaleiro que andaria de terra em terra a combater os opressores e a defender a honra das damas.

Talvez o exemplo mais marcante de literatura cavaleiresca europeia é o do "Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda", que é um conjunto de escritos que se foram somando ao longo da Idade Média desde por volta do séc. IX, na Grã-Bretanha. Em Portugal, também se escreveram vários romances cavaleirescos, nomeadamente "Os Doze de Inglaterra", cujas façanhas Luís de Camões refere em "Os Lusíadas", "Amadis de Gaula", de autor anónimo português e reescrito e publicado em castelhano no séc. XVI, "Palmeirim de Inglaterra", escrito por Francisco de Morais, também no séc. XVI, etc. Diz-se que o infante D. Pedro, filho do rei D. João I e homem viajado pelas sete partidas, terá sido ele mesmo um cavaleiro andante também.

Deixemos a literatura e concentremo-nos agora no quadro. O que vemos nele? Vemos um garboso cavaleiro de armadura vestida, cortando com a sua espada as amarras que prendem uma formosa donzela a uma árvore. Vemos a roupa dela a seus pés, algumas árvores ao fundo e a lua em quarto crescente no canto superior esquerdo.

Se clicarmos na imagem, com vista a ampliá-la, poderemos reparar que a espada do cavaleiro está suja de sangue. O sangue é de quem? Será por certo de um bandido, que prendeu a donzela à árvore e que o cavaleiro matou. Onde está o bandido? Está no quadro também, estendido no chão. Na verdade, está um bandido estendido no chão e estão mais dois bandidos em fuga.

Isto agora já parece um passatempo do tipo "Onde está Wally?". Neste caso, a pergunta é: onde estão os bandidos? Alguém consegue localizá-los? Deixo uma dica: os bandidos em fuga e o bandido morto estão no quadrante superior direito do quadro.

18 outubro 2020

Ida à Psiquiatria


(Foto de autor desconhecido)

Isto é que era o Hospital Militar de Luanda? Não conheci isto, porque o serviço de Psiquiatria não ficava aqui. Ficava na Samba, na zona sul da cidade, e era uma coisa capaz de fazer inveja aos campos de concentração nazis. Era mesmo, não estou a exagerar. Aquilo era um recinto composto por alguns pavilhões de paredes sujíssimas e completamente cercado por muros que eram altíssimos e encimados de arame farpado, para que os "malucos" que lá estavam internados não pudessem fugir. Lá dentro, não se via nada a toda a volta a não ser muros, aos quais os doentes se encostavam, de olhar perdido e encharcados de drogas. A única ocasião em que era possível vislumbrar alguma coisa do mundo exterior, era quando se abria o portão e se via uma nesga do largo que ficava em frente.

Quando lá entrei pela primeira vez, um pequeno grupo de doentes aproximou-se de mim com o ar mais inofensivo do mundo, desejosos de ter contacto com alguém que não fosse de lá, mesmo que esse contacto só durasse alguns instantes. Um deles perguntou-me, com voz entaramelada, se eu ia lá para a consulta externa e se aquela era a minha primeira vez. Eu respondi que sim, que era a primeira vez e que ia para a consulta externa. Um outro, então, recomendou-me, também com voz entaramelada:

— Oh, pá! Tu nem queiras saber o que é isto aqui dentro. Isto é o inferno. Se os gajos quiserem internar-te, tu recusa. Recusa sempre. Até ao fim. Tanto quanto puderes. Não queiras ficar cá dentro por nada deste mundo.

Um outro doente esclareceu:

— O pior disto aqui, até nem são as instalações, que são o que tu estás a ver. O pior mesmo são os choques elétricos que os gajos aplicam à cabeça da gente. É a pior tortura que se pode sofrer. Acredita. É pior do que partir os dois braços e as duas pernas, mais uma dúzia de costelas e ainda rachar a cabeça, tudo ao mesmo tempo. É uma dor tão grande, tão grande!… É uma tortura indescritível. Não deixes que te internem.

Por fim fui chamado para a consulta. O psiquiatra, depois de me ter feito algumas perguntas para avaliar o meu estado, concluiu:

— O que você tem não é grave. É apenas um esgotamento, que não justifica um internamento. Vai fazer tratamento em regime ambulatório, que deverá durar um mês. Depois voltará para o mato, mas vai continuar a tomar os medicamentos que eu lhe receitar. Entretanto, virá cá uma vez por semana, para que eu possa avaliar a evolução da sua situação e corrigir a medicação em conformidade.

Receitou-me um antidepressivo, um ansiolítico e um soporífero e mandou-me embora, recomendando-me que voltasse dali a uma semana. Fiquei colocado no Depósito de Adidos de Angola, voltando ao “campo de concentração” da Samba uma vez por semana. Ao fim de um mês, regressei à minha companhia ainda em início de recuperação psíquica, mas em vez de ficar na sede da companhia, no Zádi, fui colocado no destacamento de Banza Sosso, onde dois execráveis agentes da PIDE/DGS que lá se encontravam quase me puseram maluco de uma vez por todas. Não tive eletrochoques na Psiquiatria, mas tive que aturar pides em Banza Sosso, que foi quase a mesma coisa. Só quando me mudei para o destacamento de Malele é que melhorei, e muito.

Estou completamente convencido de que, se hoje não sofro de stress pós-traumático de guerra, devo-o à minha ida à consulta de Psiquiatria antes de terminar o serviço militar obrigatório, porque fui tratado a tempo e horas, ainda "a quente".


Banza Sosso, o único posto fronteiriço que estava aberto em toda a fronteira norte de Angola. Era reduzidíssimo o movimento neste posto. Além de um ou outro turista europeu ocasional que estivesse viajando através de África, praticamente só passavam por aqui camiões carregados de peixe congelado, vindo da Baía Farta e de Moçâmedes, para abastecimento da cidade de Kinshasa. Na imagem, veem-se em primeiro plano quatro casas. Na casa mais à esquerda ficavam as instalações aduaneiras propriamente ditas, onde eram atendidas as pessoas que atravessavam a fronteira, para controle de passaportes, vistos, carga, etc. Na segunda casa a contar da esquerda estava instalada a PIDE/DGS. As duas edificações mais à direita pertenciam à Polícia de Segurança Pública de Angola (PSPA), que desempenhava as funções de Guarda Fiscal. O conjunto de edificações que se vê em último plano, à esquerda, fazia parte do destacamento militar, onde permaneci durante cerca de três meses em condições de grande sofrimento psíquico. Este sofrimento foi causado pelos dois facínoras da PIDE/DGS que estavam colocados no posto fronteiriço, os quais tentaram por todos os meios tirar partido do estado de ansiedade em que ainda me encontrava para conseguirem vantagens ilegítimas. Só não sucumbi à sua permanente pressão psicológica, porque os meus maravilhosos furriéis fizeram tudo para me aliviar das preocupações do comando do destacamento, resolvendo os problemas à medida que iam surgindo, antes mesmo que eu tivesse conhecimento deles (Foto de autor desconhecido)

12 outubro 2020

O Apocalipse de Lorvão


O antigo mosteiro de Lorvão, Penacova (Foto: Andarilho)


Lorvão é uma vila do concelho de Penacova, distrito de Coimbra, onde existe um mosteiro que é tão antigo, que não se sabe ao certo a data da sua fundação. A data que é aceite como sendo a mais provável é o final do séc. IX, mas há quem diga que o mosteiro foi fundado muito tempo antes, ou seja, no séc. VI.

O mosteiro de Lorvão foi um centro religioso muito importante durante a Idade Média, incluindo o período de tempo em que a região de Coimbra esteve ocupada pelos Árabes, os quais permitiram que os cristãos pudessem continuar a professar a sua fé. A cidade de Coimbra foi mesmo um importante centro de cultura moçárabe, isto é, de cultura cristã de expressão árabe.

O mosteiro de Lorvão foi masculino até ao ano 1206 e feminino a partir de então e até à sua extinção, quando faleceu a sua última monja em 1887.

De entre as produções saídas do mosteiro de Lorvão, destaca-se um manuscrito iluminado particularmente notável, o chamado "Apocalipse de Lorvão". Este manuscrito data de 1189 e encontra-se atualmente no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, para onde foi levado por Alexandre Herculano no séc. XIX, com autorização das freiras.

Ao contrário do que se poderia pensar, o chamado "Apocalipse de Lorvão" não é uma edição do livro do Apocalipse, o último livro da Bíblia escrito pelo apóstolo S. João, que foi o discípulo predileto de Jesus. Para quem não é crente, o Apocalipse bíblico é uma obra-prima da literatura fantástica, que merece ser lida como tal, mas nada mais do que isso. Para quem é crente, porém, o livro do Apocalipse é sobretudo uma profecia, que contém uma antevisão do fim do mundo, descrito em termos tão obscuros e simbólicos que carecem de explicação. O chamado "Apocalipse de Lorvão" procura então dar-nos uma tal explicação, reproduzindo os comentários que sobre o assunto foram feitos pelo beato Liébana das Astúrias, que viveu no séc. VIII. O chamado "Apocalipse de Lorvão" é uma das 23 cópias que se conhecem dos Comentários do beato Liébana e foi escrito e iluminado por um monge beneditino de Lorvão chamado Egeas.

Como foi dito, o original do "Apocalipse de Lorvão" encontra-se depositado na Torre do Tombo. No ano 2003, a editora espanhola Patrimonio, de Valência, editou-o em fac-simile, numa publicação de luxo de 999 exemplares numerados. Esta é a única reprodução em papel que se conhece desta obra. No entanto, o original foi todo digitalizado e colocado na Internet de forma gratuita, podendo ser consultado no site do Arquivo Nacional da Torre do Tombo através do endereço https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4381091. Não dá jeito nenhum ver o "Apocalipse de Lorvão" num computador, e muito menos ainda num telemóvel ou tablet, mas é o que há. A seguir reproduzem-se algumas das notáveis iluminuras do "Apocalipse de Lorvão", atribuídas a Egeas.


A segunda vinda de Jesus Cristo: “Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém. Eu sou o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso.” (Apocalipse, I, 7-8)


Ceifa e Vindima: “E olhei, e eis uma nuvem branca, e assentado sobre a nuvem um semelhante ao Filho do homem, que tinha sobre a sua cabeça uma coroa de ouro, e na sua mão uma foice aguda. E outro anjo saiu do templo, clamando com grande voz ao que estava assentado sobre a nuvem: Lança a tua foice, e sega (…) E saiu do templo, que está no céu, outro anjo, o qual também tinha uma foice aguda. E saiu do altar outro anjo, que tinha poder sobre o fogo, e clamou com grande voz ao que tinha a foice aguda, dizendo: Lança a tua foice aguda, e vindima os cachos da vinha da terra (…) E o lagar foi pisado fora da cidade, e saiu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, pelo espaço de mil e seiscentos estádios.” (Apocalipse, XIV, 14-20)


A abertura do sexto selo: “E vi quando abriu o sexto selo, e houve um grande terramoto; e o Sol tornou-se negro como saco de cilício, e a Lua toda tornou-se como sangue.” (Apocalipse, VI, 12)


O Mistério das Sete Estrelas


Visão do Cordeiro e dos quatro seres: “E havia diante do trono um como mar de vidro, semelhante ao cristal. E no meio do trono, e ao redor do trono, quatro animais cheios de olhos, por diante e por detrás. E o primeiro animal era semelhante a um leão, e o segundo animal semelhante a um bezerro, e tinha o terceiro animal o rosto como de homem, e o quarto animal era semelhante a uma águia voando. (…) E olhei, e eis que estava no meio do trono e dos quatro animais viventes e entre os anciãos um Cordeiro, como havendo sido morto, e tinha sete pontas e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados a toda a terra. (…) E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões, e milhares de milhares, que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças.” (Apocalipse, IV, 6-V, 12)


Os quatro cavaleiros do Apocalipse: “E, havendo o Cordeiro aberto um dos selos, olhei, e ouvi um dos quatro animais, que dizia como em voz de trovão: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e saiu vitorioso, e para vencer. E, havendo aberto o segundo selo, ouvi o segundo animal, dizendo: Vem, e vê. E saiu outro cavalo, vermelho; e ao que estava assentado sobre ele foi dado que tirasse a paz da terra, e que se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada. E, havendo aberto o terceiro selo, ouvi dizer o terceiro animal: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo preto e o que sobre ele estava assentado tinha uma balança em sua mão. (…) E, havendo aberto o quarto selo, ouvi a voz do quarto animal, que dizia: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que estava assentado sobre ele tinha por nome Morte; e o inferno o seguia; e foi-lhes dado poder para matar a quarta parte da terra, com espada, e com fome, e com peste, e com as feras da terra.” (Apocalipse, VI, 1-8)


A Mulher no Sol e o Dragão: “E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça. (…) E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, (…) E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra; (…) E deu à luz um filho homem que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono.(…) E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos; (...). E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, (…) E, quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho homem. (…) E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para que pela corrente a fizesse arrebatar.” (Apocalipse, XII, 1-15)

05 outubro 2020

Clementina Carneiro de Moura


Vista de Gouveia, 1964, óleo sobre madeira de Clementina Carneiro de Moura (1898–1992), Museu Abel Manta, Gouveia, Portugal

Clementina Carneiro de Moura foi uma pintora modernista portuguesa nascida e falecida em Lisboa. Formou-se em Pintura na Escola de Belas-Artes de Lisboa, onde foi aluna de Columbano Bordalo Pinheiro e de Sarah Afonso. Casou-se com o pintor Abel Manta, com quem teve um filho, João Abel Manta, que também foi artista plástico. Clementina Carneiro de Moura foi professora do ensino secundário durante muitos anos e fez uma aturada investigação sobre a produção artesanal de rendas, bordados e colchas em Portugal.