28 fevereiro 2024

Blues


Got My Mojo Working, por Muddy Waters

Beggin' My Baby, por Little Milton

Sweet Little Angel, por B. B. King

Um blues não identificado, por Howlin' Wolf

26 fevereiro 2024

Afeição


Vista de frente

Vista de trás

Escultura de madeira de um artista anónimo do povo dogon, no Mali, que terá vivido no séc. XVIII ou princípios do séc. XIX. Museu Metropolitano de Arte, Nova Iorque, Estados Unidos da América
(Clicar nas imagens para ampliá-las)

24 fevereiro 2024

Se eu tiver de morrer

If I must die,
you must live
to tell my story
to sell my things
to buy a piece of cloth
and some strings,
(make it white with a long tail)
so that a child, somewhere in Gaza
while looking heaven in the eye
awaiting his dad who left in a blaze —
and bid no one farewell
not even to his flesh
not even to himself —
sees the kite, my kite you made, flying up above
and thinks for a moment an angel is there
bringing back love
If I must die
let it bring hope
let it be a tale

Refaat Alareer
(1979–2023), poeta palestiniano morto na Faixa de Gaza por um bombardeamento aéreo de Israel, no dia 6 de dezembro de 2023. Este poema foi publicado pelo próprio autor cinco semanas antes de morrer, na sua conta pessoal da rede social X


(Foto de autor desconhecido)

22 fevereiro 2024

Sinfonia N.º 2 de João Domingos Bomtempo


Sinfonia N.º2 em Ré Maior, sem número de opus, do compositor português João Domingos Bomtempo (1775–1842), pela Nova Filarmonia Portuguesa dirigida pelo maestro Álvaro Cassuto

20 fevereiro 2024

A um poeta

Tu, que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno,

Acorda! É tempo! O sol, já alto e pleno,
Afugentou as larvas tumulares…
Para surgir do seio desses mares,
Um mundo novo espera só um aceno…

Escuta! É a grande voz das multidões!
São teus irmãos, que se erguem! São canções…
Mas de guerra… e são vozes de rebate!

Ergue-te pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate!

Antero de Quental (1842–1891)


(Foto de autor desconhecido)

18 fevereiro 2024

Condomínio


Neuro, um vídeo de animação do desenhador italiano Bruno Bozzetto

16 fevereiro 2024

Matisse


Figura decorativa sobre fundo ornamental, inverno de 1925-1926, óleo sobre tela do pintor francês Henri Matisse (1869–1954). Centre Pompidou, Paris, França
(Clicar na imagem para ampliá-la)

10 fevereiro 2024

As propriedades térmicas do cabelo


(Foto de autor desconhecido)

Certamente ninguém duvida de que o cérebro é o órgão mais importante do ser humano. É ele que controla quase tudo o que diz respeito ao funcionamento do organismo e à interação deste com o mundo que o rodeia, auxiliado pelo cerebelo. Só os movimentos reflexos escapam ao controle do cérebro e do cerebelo. A importância do cérebro é tal que, apesar de só corresponder a 2% da massa corporal, ele consome cerca de 20% de toda a energia do organismo, que lhe é fornecida através da alimentação.

Disse o químico francês Lavoisier: «Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma». Esta afirmação também é verdadeira para o consumo de energia. Quando uma dada quantidade de energia é consumida, onde quer que seja, ela não desaparece; apenas se converte noutra forma de energia, sobretudo calor. Assim, quando o cérebro consome energia para funcionar, ele aquece, e aquece tanto, que a sua temperatura pode chegar a ser superior em mais de 2 o C relativamente à do resto do organismo, que é, como se sabe, de perto de 37 o C. Todo este calor gerado no cérebro precisa de ser escoado, para que não haja um sobreaquecimento.

Uma das formas de escoar o calor gerado pelo funcionamento do cérebro pode consistir na irradiação térmica através de um crânio glabro. Em tempo frio, esta forma de escoar o calor é realmente eficaz, e até será demais, se o frio for intenso. Mas se uma cabeça nua estiver ao sol num dia de verão, como é que o calor poderá ser escoado?

Relativamente às restantes espécies de mamíferos, a Natureza reduziu consideravelmente a pilosidade de quase toda a superfície corporal da espécie Homo Sapiens, que ficou com quase toda a sua epiderme a descoberto. Uma das exceções a esta escassa pilosidade é a cabeça da maior parte dos indivíduos, que conserva uma pilosidade abundante, que é o cabelo. Que a existência de cabelo constitui uma vantagem no tempo frio, parece evidente. O que não se sabia, mas se descobriu agora, é que o cabelo também pode ajudar a arrefecer a cabeça no tempo quente, e não é só por funcionar como uma espécie de chapéu, contra a incidência dos raios solares diretos.

Todos os fios de cabelo têm a mesma textura, independentemente de possuirem mais ou menos pigmentos, de serem mais finos ou mais grossos ou de a sua secção ser circular ou elíptica. Seja liso, encaracolado ou crespo, todo o fio de cabelo é composto por três partes fundamentais: uma medula, no seu centro, rodeada por um córtex, que lhe confere resistência mecânica, e uma capa exterior de células achatadas, em camadas semelhantes a telhas, chamada cutícula. A cutícula é atravessada por pequeninos poros, que têm um diâmetro tal que favorece a passagem de radiação infravermelha em ambos os sentidos.

A parte mais espessa do fio de cabelo é o córtex. É nele que se encontra a melanina, entre outros compostos químicos, assim como pequenas bolsas de ar. Além de dar cor ao cabelo e à pele, a melanina é um pigmento escuro que absorve as radiações eletromagnéticas que vão desde as radiações ultravioletas até às infravermelhas. No caso da melanina presente no cabelo, a radiação que mais importa estudar é a dos raios infravermelhos que veiculam o calor.

Este não é o momento para se falar do princípio da radiação do corpo negro, a não ser para se dizer que é este o princípio que nos permite associar a energia térmica à radiação infravermelha, na gama de temperaturas que permitem a existência de vida na Terra. É com base neste princípio, por exemplo, que funcionam as câmaras de visão noturna, que mesmo na mais completa escuridão são capazes de nos dar a ver uma cena, como se houvesse luz visível. Os corpos e objetos a diferentes temperaturas emitem radiações infravermelhas e os sensores das câmaras de visão noturna recebem e convertem estas radiações em luz visível, para que possamos visualizar a cena.

Se quisermos analisar o comportamento do cabelo no que diz respeito à absorção ou à dissipação de calor, deveremos então estudar este comportamento relativamente às correspondentes radiações infravermelhas. Foi isto o que fizeram o cientista sul‑coreano de materiais Gunwoo Kim e alguns colegas seus do Instituto Coreano de Tecnologia Industrial. Não vamos entrar nos detalhes das experiências que eles realizaram, porque senão nunca mais sairíamos daqui. Refiramos antes as conclusões a que eles chegaram, tomando em consideração a quantidade de calor produzida pelo funcionamento do cérebro humano, a condutividade térmica do cabelo, a capacidade de retenção deste calor pela melanina, quando houver, e a capacidade que o cabelo terá para eliminar o calor em excesso para o exterior, sob a forma de radiação infravermelha.

Os cientistas sul-coreanos referidos concluiram que o cabelo é um regulador de temperatura. No tempo frio, ele aquece a cabeça (coisa que toda a gente já sabe por experiência própria), mas no tempo quente o cabelo ajuda a refrescá-la, porque é muito eficaz na dissipação de raios infravermelhos. Como estes cientistas trabalham num instituto de tecnologia, eles estão agora a tentar desenvolver uma fibra têxtil que emule o comportamento térmico do cabelo, para que seja possível fabricar vestuário mais cómodo do que o atual, vestuário que aqueça no inverno e refresque no verão.

03 fevereiro 2024

Roriz, Santo Tirso


Igreja do antigo mosteiro de São Pedro de Roriz, Santo Tirso. Ao fundo, pode ver-se um edifício de grandes dimensões, que é o mosteiro beneditino de Singeverga (Foto de autor desconhecido)
(Clicar na imagem para ampliá-la)

Pormenores da fachada principal da igreja românica de Roriz (Fotos de autores desconhecidos)
(Clicar nas imagens para ampliá-las)

Antes de mais nada, diga-se que a palavra "Roriz" se pronuncia com a vogal "o" aberta. Pronuncia-se Ròriz e não Ruriz.

Roriz, vila do concelho de Santo Tirso, é uma terra muito antiga, que já existia no tempo do Condado Portucalense. Nesse tempo, havia em Roriz um importante mosteiro, o mosteiro de São Pedro de Roriz, que mais tarde o rei D. Afonso Henriques veio a doar à ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. Foram estes que estiveram na origem do templo atual, que foi erigido sobre os restos da igreja anteriormente existente no mesmo local e da qual chegaram até aos nossos dias alguns vestígios.

A atual igreja do mosteiro de São Pedro de Roriz foi concluída em finais do séc. XIII e é em estilo românico, ainda que a sua capela-mor apresente algumas características próprias, que a distinguem das das outras igrejas suas contemporâneas. Esta capela-mor é mais ampla e mais alta do que a maioria das outras e, apesar de ser redonda na sua configuração exterior, é poligonal por dentro.

O mosteiro de São Pedro de Roriz propriamente dito extinguiu-se no séc. XVI. Presentemente, a igreja do antigo mosteiro é igreja paroquial e, portanto, está aberta à população, sempre que há missa ou outra cerimónia litúrgica.

Em Roriz estão atualmente instaladas duas comunidades beneditinas, uma masculina e outra feminina. A comunidade masculina fixou-se em Singeverga, Roriz, em finais do séc. XIX. A comunidade feminina, dedicada a Santa Escolástica, radicou-se nas proximidades da igreja românica em 1935. Ambas as comunidades continuam ativas e praticam a regra da sua ordem, resumida na frase "Ora et Labora", isto é, reza e trabalha.

Os monges de Singeverga produzem artesanalmente um licor resultante da destilação de especiarias e plantas aromáticas, que é o conhecido Licor de Singeverga. As monjas de Roriz, por seu lado, fazem bolachas e compotas, que também são artesanais e verdadeiramente conventuais. Só há coisas boas em Roriz.


Reportagem no Mosteiro de Singeverga, Roriz, Santo Tirso

01 fevereiro 2024

Allegro


Allegro em Ré Maior, do compositor português João de Sousa Carvalho (1745–1798), pela pianista norte-americana Susanne Skyrm, num pianoforte ("antepassado" do piano) pertencente ao Museu Nacional da Música e feito em 1767 por Manuel Antunes