31 agosto 2011

Fantasia

Imagem de "O Aprendiz de Feiticeiro", do filme Fantasia, de Walt Disney

Um dos filmes que mais me fascinaram na minha infância foi, sem dúvida nenhuma, o filme Fantasia, de Walt Disney. Datado de 1940, Fantasia é considerado um filme de longa metragem (dura um pouco mais de duas horas), mas na realidade é uma colagem de filmes mais pequenos e independentes uns dos outros, que têm apenas em comum o facto de ilustrarem, de uma forma mais ou menos imaginosa, diversas peças musicais de diferentes compositores.

Com a sua música interpretada pela Orquestra de Filadélfia, sob a condução de Leopold Stokovski, e com apresentação de Deems Taylor, o filme é essencialmente composto por oito partes, a saber:

-- Tocata e Fuga em Ré Menor, BWV 565, de Johann Sebastian Bach, que é a parte menos conseguida das oito; a música de Bach merecia um melhor tratamento;

-- Suite "Quebra-Nozes", de Piotr Ilitch Tchaikovsky, que mostra as quatro estações do ano, com imagens de grande encantamento;

-- O Aprendiz de Feiticeiro, de Paul Dukas, que nos mostra o rato Mickey a desencadear uma sucessão de acontecimentos que não consegue controlar; esta foi a parte do filme que ficou mais fortemente gravada na minha memória infantil;

-- A Sagração da Primavera, de Igor Stravinsky, que nos conta, de uma forma tão rigorosa quanto possível, a evolução da vida na Terra, desde os primeiros seres unicelulares até à extinção dos dinossauros; com certeza que Stravinsky nunca teria imaginado que a música que compôs para um bailado sobre um rito da antiga Rússia pagã serviria às mil maravilhas para este outro assunto, tão diferente;

-- Sinfonia Pastoral, de Ludwig van Beethoven, que é ilustrada por deuses do Olimpo, faunos, centauros e outras entidades da mitologia grega;

-- A Dança das Horas, da ópera "La Gioconda", de Amilcare Ponchielli, que é uma paródia ao bailado clássico, com crocodilos, elefantes, avestruzes e hipopótamos a dançarem em pontas;

-- Uma Noite no Monte Calvo, de Modest Mussorgsky, que nos mostra uma noite de sabbat, numa sequência de imagens fantasmagóricas e medonhas; que me lembre, não fiquei nada assustado ao ver estas cenas em criança;

-- Ave Maria, de Franz Schubert, que nos mostra uma procissão ao amanhecer.

Para aguçar o apetite, proponho que se veja, no vídeo seguinte, a parte relativa à "Sagração da Primavera", de Stravinsky. Hesitei muito sobre a parte do filme que haveria de apresentar aqui, mas acabei por decidir-me por esta, porque os assuntos científicos têm estado imperdoavelmente ausentes deste blogue.

De uma maneira geral, esta peça está correta do ponto de vista científico, apesar de já se terem passado várias dezenas de anos desde que ela foi feita. Há a salientar contudo que, na peça, a extinção dos dinossauros é atribuída ao aquecimento do planeta, em consequência de um aumento da atividade vulcânica e sísmica, e não à queda de um meteorito de grandes dimensões, que é agora considerada a causa mais provável para a referida extinção. Em 1940, a hipótese do meteorito ainda não tinha sido proposta.




O filme completo, que tem a duração de pouco mais de duas horas, pode ser visto aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=TBH2Ix3yHbE.


Imagem de "Quebra-Nozes", do filme Fantasia, de Walt Disney

26 agosto 2011

Conversa à luz das estrelas

Tocador de quissange, pintura de Neves e Sousa (1921-1995)

«Deitar-se sobre o capim seco a olhar as estrelas é privilégio das gentes do campo. Nas cidades não existe esta possibilidade. Falta lugar cómodo e sobram as luzes que tiram nitidez ao firmamento. E a culpa é do homem que maltrata o chão onde pisa e tão pouco tem cuidado com o céu para onde olha. Devoro todas as notícias sobre a conquista do espaço e temo que algum dia até as estrelas se vão sujar ou vão desaparecer.

Está em execução o grande projeto de engenharia espacial que contempla a construção de um satélite artificial de grandes proporções, formado por módulos unidos entre si. Quando estiver terminada a Estação Espacial Internacional – ISS, teremos no espaço, sobre as nossas cabeças, uma pequena Lua artificial. Milhões de pessoas nunca ouviram falar disso e milhões não ligam importância ao assunto. Também há milhões que não têm, sequer, tempo para olhar para o Céu a observar as estrelas. Que pena. O espetáculo é belo e grátis.

Milhões de estrelas desfilam pelo firmamento, comandadas pelo Sol e pela Lua. Sei disto há muito tempo, desde a época em que o meu finado amigo Pedro Chimuko me explicou que a Lua é mais importante do que o Sol. Soba do Capoco, sanzala grande e antiga que faz parte da minha terra do Huambo, no interior de Angola, Pedro Chimuko era um filósofo amante da lógica e de raciocínios profundos: «A Lua – dizia – a Lua é muito mais importante do que o Sol, porque a Lua aparece de noite. Aparece quando faz mais falta, porque não há luz e as estrelas não chegam para alumiar o caminho».

Nesse tempo, no tempo destas conversas tranquilas de falar só por falar, tínhamos tempo para sentar-nos junto à fogueira do velho Sachitota Sacalumbo, o guarda-noturno da loja do siô Gomes da Xipipa. O guarda-noturno era uma instituição de segurança, garantida pelo porrinho, pouco sono, um kisanje e muita coragem. Sacalumbo era irmão do soba e era amigo do meu amigo Senhor Neves, o Neves e Sousa pintor, que o pintou em 1960, estampando a sua figura num belo quadro sobre tela, a que chamou «Quissange – Saudade Negra», retomando o título de uma poesia de Tomaz Vieira da Cruz:

«Não sei, por estas noites tropicais,
o que me encanta...
Se é o luar que canta
Ou a floresta aos ais.

Não sei, não sei, aqui neste sertão
De música dolorosa,
Qual é a voz que chora
E chega ao coração...

Qual é o som que aflora
Dos lábios da noite misteriosa!...

.................

Sentados sobre um tronco ou numa pedra ou até no chão, petiscávamos, com bolinhas de pirão enroscadas nos dedos, lascas de carapau seco, chamuscado nas brasas. Nesse tempo, as noites escuras eram, seguramente, mais escuras que hoje. Também as estrelas eram mais, muito mais numerosas do que agora e brilhavam com maior fulgor, porque o ar era transparente e puro, sem reflexos de contaminação.

De vez em quando, quando a conversa impunha uma pausa lógica e apetecida, o velho Sachitota agarrava no kisanje para dedilhar temas que improvisava, cantando em surdina qualquer lengalenga que o arrastava para longe, talvez para as estrelas. E todos nós, os que compartilhávamos esses serões de natureza e tranquilidade, seguíamos a melopeia e, com ela, o voo errante de alguma fagulha mais duradoira que se escorria da fogueira. Os olhos atrás dela terminavam, também, fixando o céu, a festejar as estrelas, vagueando pelo espaço como elas, cada um voando, mergulhando em secretos pensamentos.

Quando, surpreendente e veloz, uma estrela fugaz riscava a noite, calavam-se as vozes do kisanje e do tocador. Despertávamo-nos da magia da música e contemplávamos no céu esse rasto de luz, dominados pelo deslumbramento do espetáculo celeste. Era apenas um instante, o suficiente para devolver-nos ao mundo da nossa realidade simples e quotidiana. Unanimemente, reconhecíamos que já era tempo de dormir. Era tempo de despedir... – «fica bem.... estamos juntos...» – e partíamos, levando nos olhos pedacinhos de céu, para que se recostassem connosco, acompanhando-nos em sonhos inocentes e puros.

Sozinho, responsável pela sua missão de vigília, apostado em não dormir, o velho Sacalumbo acendia o cachimbo e com ele apertado nos lábios e nos dentes, retomava o kisanje e dedilhava a sua melopeia, infindável e seca, como o ruído seco das teclas de ferro do seu instrumento.

Cada um regressava a casa para dormir. A imagem do céu ajudava a preparar esse repouso dos homens. Não era como agora em que o céu já não é o céu de Deus e dos Anjinhos, do Sol, da Lua e das Estrelas, conspurcado como está de poeiras, fumos, lixos e satélites espias. Tenho a certeza de que se eu pudesse voltar a esse tempo, para sentar-me junto à fogueira e contar aos meus amigos Chimuko e Sacalumbo, acerca destas mudanças ditadas pela civilização, não me acreditariam. Seria uma conversa impossível. Chimuko ficaria calado de raiva e Sacalumbo já não teria matéria de inspiração para cantar, preocupados ambos com a vigilância dos satélites espiões, essa vigilância invisível mas inquietante, oculta durante o dia pelo Sol radioso, disfarçada na noite pelas estrelas semiapagadas.

Sei que não teria forma de convencê-los de que pés humanos haviam pisado alguma vez a Lua, visivelmente mais pequena do que os próprios pés humanos e sem poder mostrar-lhes, a olho nu, as pegadas que teriam deixado aí arriscados viajantes de estranhas máquinas voadoras. Pior ainda seria, de poder voltar a esse tempo e a esse lugar, sentar-me junto à fogueira e tentar explicar-lhes que existem homens corajosos, astronautas que caminham no espaço e que instalam entre a Terra e a Lua uma estação orbital, gigantesca, onde podem viver os cientistas, pessoas, enfim.

A pergunta deles seria tão lógica como a da importância da Lua que ilumina os caminhos nas noites escuras... - «Como é que caminham no ar, em cima de quê? Em cima do ar ou em cima das nuvens?» Seria ofensivo para eles e vergonhoso para mim, contar-lhes tanta mentira, tantas barbaridades sobre o que faz o homem atual, como, por exemplo, isso de caminhar no espaço e encher o Céu de lixo e de satélites, pequenas luas que nos espiam, que nos veem a toda a hora e que contam tudo o que veem...»

Falar-lhes da assombrosa tecnologia deste tempo atual não seria apenas acentuar as diferenças entre dois mundos. Essa verdade contada hoje à roda de uma fogueira no seio de África, seria tão inverosímil como há meio século atrás, uma inaceitável conversa à luz das estrelas. Porque, para todos, seria uma criminosa interferência no milenário diálogo entre os Sábios e os Astros e seria, sobretudo, subestimar o real e visível poder do Sol e da Lua sobre o Universo. Seria... seria uma falta de respeito. Seria menosprezar a sabedoria dos Mais Velhos que ainda hoje conversam à luz das estrelas...

AUXILIAR DE LEITURA

Kisanje – ou «quissange» - Instrumento musical africano. Piano primitivo.

Lengalenga – Repetição interminável das mesmas frases ou palavras.

Pirão – Papa dura de farinha de milho ou de mandioca.

Porrinho – Cacete com uma bola na ponta. Pau de atirar.

Sanzala – ou «senzala». Cidade. Aldeia africana.

Soba – Chefe africano. Cacique. Chefe de aldeia. Autoridade tradicional.»

Sebastião Coelho (1931-2002), jornalista angolano


A Estação Espacial Internacional (ISS), tal como foi fotografada pela tripulação do Endeavour em 30 de Maio de 2011 (Foto: NASA)

22 agosto 2011

Ode ao futebol

Rectângulo verde
meio de sombra
meio de sol
vinte e dois em cuecas
jogando futebol
correndo
saltando
ziguezaguando
ao som dum apito
dum homem magrito
-- também em cuecas --
e mais dois carecas
com uma bandeira
de cá para lá
de lá para cá

Bola ao centro
bola fora
fora o árbitro

E a multidão
lá do peão
gritava
berrava
gesticulava
e a bola coitada
rolava no verde
rolava no pé
de cabeça
em cabeça
a bola não perde
um minuto sequer
e zumbindo no ar
como um besoiro
toda redonda
toda bonita
vestida de coiro

O árbitro corre
o árbitro apita
O público grita
bola nas redes

Laranjadas
pirolitos
asneiras
palavrões
damas frenéticas
gordas
esqueléticas
esganiçadas aos gritos
todos à uma
todos ao um
ao árbitro roubam o apito

Entra a guarda
entra a polícia
os cavalos a correr
os senhores a esconder
uma cabeça aqui
um pé acolá
ancas
coxas
pernas

cabeças no chão
cabeças de cavalo
cavalos sem cabeça
com os pés no ar
fez-se em montão
a multidão.

E uma dama excitada
que era casada
com um marido
distraído
no meio da bancada
que estava à cunha
tirou-lhe um olho
com a própria unha

À unha, à unha!
ânimos ao alto!...
E no fim
perdeu-se o campeonato!

Tóssan (António Fernando dos Santos, 1918-1991)


Um desenho de Tóssan

17 agosto 2011

Descendentes de portugueses em Jacarta


Crianças de Kampung Tugu, Jacarta, Indonésia (Fotos: We Love Jakarta)

Portugal nunca colonizou a ilha de Java, mas em Java há pessoas que se dizem descendentes de portugueses. Como é isto possível?

É verdade que, no séc. XVI, a ilha de Java foi muito visitada pelos navegadores portugueses, sobretudo depois de o rei de Sunda lhes ter dado autorização para utilizarem Jacarta como porto de apoio ao comércio de especiarias e outros bens. Mas Jacarta nunca chegou a ser uma base portuguesa permanente. De onde vieram então os descendentes dos portugueses?

Parece que esta afirmação não é rigorosamente verdadeira. Os portugueses terão tentado estabelecer-se em Jacarta, mas foram expulsos. Luís Cunha publicou no Facebook o seguinte:

Os portugueses estiveram em Jacarta, embora por pouco tempo. Em 1522, o rei Pajajaran assinou um acordo com Henrique Leme que, em troca de assistência militar, dava aos portugueses o direito de construir uma fortaleza em Sunda Kelapa. Em 1527, o sultão Trenggono,de Demak, no intuito de impedir a construção, manda uma expedição militar para expulsar os portugueses e derrota-os numa batalha naval, em 22 de Junho de 1527. O nome de Sunda Kelapa é então mudado para Jayakarta, que significa "a cidade da vitória".

Quando os holandeses conquistaram a cidade de Malaca a Portugal, em 1641, escravizaram os sobreviventes portugueses e os seus descendentes que viviam nesta cidade malaia. Alguns destes escravos foram a seguir levados para a cidade de Jacarta, que os holandeses crismaram de Batavia (nome que os antigos romanos haviam dado à Holanda) e da qual fizeram o principal centro de atividades da Companhia Holandesa das Índias Orientais. Aos escravos portugueses e mestiços trazidos de Malaca, vieram juntar-se outros portugueses e respetivos descendentes, capturados e escravizados na Índia, Ceilão e outras paragens.

Em Jacarta, os holandeses esforçaram-se por eliminar as marcas culturais portuguesas que estes escravos traziam, obrigando-os a adotar nomes holandeses ou, pelo menos, com uma sonoridade holandesa, e forçando-os a trocar a fé católica pelo calvinismo. Obrigaram-nos ainda a viver num pedaço de terra situado a 10 km do centro da velha Batavia, chamado Tugu (Toegoe na ortografia holandesa), que agora se chama Kampung Tugu.

Os escravos portugueses e mestiços de Tugu foram libertados em 1661. Foram então chamados Mardijker, palavra que significa "Libertos" e que é originária do sânscrito. É desta que deriva a palavra que em língua indonésia significa "Liberdade": Merdeka.

Apesar dos esforços feitos pelos holandeses no sentido de levar esta gente a perder a sua identidade própria, ela conservou-a até aos nossos dias, teimosamente. Estas pessoas continuam a acarinhar Portugal, trezentos e setenta anos depois de lhes terem cortado os laços que as uniam a este país, um país que elas não conhecem e que não esperam poder algum dia visitar, porque está no outro lado do mundo. Mas que é um país que elas também consideram seu.

Se dúvidas houver relativamente a este facto, elas certamente desaparecerão depois de se ver a reportagem que se segue, que é de uma estação de televisão indonésia. A reportagem está em indonésio, embora nela intervenham, em inglês, o embaixador de Portugal em Jacarta e uma leitora de português na universidade local. Mesmo que não se entenda uma única palavra da reportagem, as imagens são sobejamente eloquentes sobre os sentimentos dos Tugus relativamente a Portugal.



O idioma que se falava em Tugu era o Papiá Tugu, um crioulo de base portuguesa muito semelhante ao Papiá Cristão que ainda é falado em Malaca. Infelizmente já ninguém sabe falar Papiá Tugu em Jacarta, à exceção de algumas palavras avulsas. O último falante deste crioulo, Jacob Quiko, faleceu em 1978. O Papiá Tugu subsiste apenas em alguns poemas e canções, como a canção que se pode ouvir no vídeo que se segue.


13 agosto 2011

Adios rios, adios fontes...

Adios, rios; adios, fontes;
adios, regatos pequenos;
adios, vista dos meus olhos:
nõe sei quando nos veremos.

Minha terra, minha terra,
terra donde me eu criei,
hortinha que quero tanto
figueirinhas que prantei,

prados, rios, arvoredas,
pinares que move o vento,
paxarinhos piadores,
casinha do meu contento,

muinho dos castanhares,
noites craras de luar,
campaninhas trimbadoras
da igrejinha do lugar,

amorinhas das silveiras
que eu lhe dava ao meu amor
caminhinhos antre o milho,
adios, para sempre adios!

Adios, grória! Adios, contento!
Deixo a casa onde nacim,
deixo a aldea que conosso
por um mundo que nõe vim!

Deixo amigos por estranhos,
deixo a veiga polo mar,
deixo, em fim, quanto bem quero...
quem pudera no o deixar...!

Maes som probe e, mal pecado!,
a minha terra n'é minha,
que hastra lhe dãe de prestado
a beira por que caminha
ao que naceu desdichado.

Tenho-vos, pois, que deixar,
hortinha que tanto amei,
fogueirinha do meu lar,
arvorinhos que prantei,
fontinha do cavanhar.

Adios, adios, que me vou,
ervinhas do campo-santo
donde meu pai se enterrou,
ervinhas que biquei tanto,
terrinha que vos criou.

Adios, Virge da Assunciõe,
branca como um serafim:
levo-vos no corassõe;
pedide-lhe a Dios por mim,
minha Virge da Assunciõe.

Já se oiem longe, moi longe,
as campanas do Pomar;
para mim, ai!, coitadinho,
nunca mais hãe de tocar.

Já se oiem longe, mais longe...
Cada balada é um dolor;
vou-me soio, sem arrimo...
Minha terra, adios!, adios!

Adios tamém, queridinha...!
Adios por sempre quiçais...!
Digo-che este adios chorando
desde a beirinha do mar.

Nõe me olvides, queridinha,
se morro de soidás...
tantas légoas mar adentro...
Minha casinha!, meu lar!

Rosalía de Castro (1837-1885), poetisa galega


Galiza, Espanha (Foto: Turgalicia)

06 agosto 2011

Concerto pelo Bangladesh


No passado dia 1 de agosto completaram-se 40 anos sobre a realização do Concerto pelo Bangladesh, o primeiro concerto realizado com fins humanitários na história do rock, 14 anos antes do Live Aid.

O Concerto pelo Bangladesh teve lugar no Madison Square Garden, em Nova Iorque, no dia 1 de agosto de 1971, perante cerca de 40 mil espectadores, por iniciativa do grande músico indiano Ravi Shankar e com a pronta colaboração do beatle George Harrison.

A situação humanitária no Bangladesh (que então se chamava Paquistão Oriental) era nesse tempo verdadeiramente catastrófica. Estava em curso uma guerra que visava libertar o país do domínio do Paquistão (então chamado Paquistão Ocidental), durante a qual foram cometidas horrorosas atrocidades. Às vítimas da guerra vieram somar-se numerosíssimas vítimas de um devastador ciclone que tinha ocorrido em 1970.

À chamada feita por Harrison e Shankar responderam algumas figuras importantes do rock da época, entre as quais Bob Dylan, Eric Clapton, Billy Preston, Leon Russell, Badfinger e Ringo Starr, além dos próprios Ravi Shankar e George Harrison, evidentemente.

Seguem-se alguns dos memoráveis momentos que então se viveram no palco montado no Madison Square Garden, em Nova Iorque.



Bangla Dhun, por Ravi Shankar em sitar, Ali Akbar Khan em sarod, Alla Rakha em tabla e Kamala Chakravarty em tambura



That's The Way God Planned It, por Billy Preston



While My Guitar Gently Weeps, por George Harrison e Eric Clapton



A Hard Rain's Gonna Fall, por Bob Dylan



Bangladesh, por George Harrison