19 outubro 2025

Valsa Sobre las Olas, de Juventino Rosas


Valsa Sobre las Olas, do compositor indígena mexicano Juventino Rosas (1868–1894), por uma orquestra não identificada

16 outubro 2025

Vaidade Terrena e Salvação Divina


Frente

Verso
Vaidade Terrena e Salvação Divina, seis quadros a óleo sobre madeira de carvalho, presentemente dispostos como tríptico (frente e verso), do pintor alemão radicado em Bruges (Flandres) Hans Memling (c.1430-1494). Museu de Belas-Artes, Estrasburgo, França
(Clicar nas imagens para ampliá-las)

Estamos em presença de seis painéis pintados a óleo por Hans Memling, que terão feito parte de um tríptico ou de um políptico. Os painéis foram separados uns dos outros antes de 1890 e agora não se sabe ao certo qual era a sua disposição original. Não se sabe sequer se teria havido mais painéis além destes, que também fariam parte do mesmo políptico e entretanto se perderam. A disposição aqui representada é a que está patente no Museu de Belas-Artes de Estrasburgo, mas poderia muito bem ter sido outra.

Na frente do tríptico e à esquerda, está uma representação da Morte. Rodeando a figura simbólica, estão as seguintes palavras: Ecce finis hominis comparatus sum luto et assimilatus sum faville et cineri (Eis que o fim do homem é comparável com o lodo e eu sou semelhante a pó e cinza).

Ao centro, uma representação da Vaidade.

À direita, uma representação simbólica do Inferno, acompanhada do texto In inferno, nulla est redemptio (No inferno não há qualquer redenção).

No verso do tríptico e à esquerda, está um brasão de armas acompanhado do lema Nul bien sans peine (Não há bem sem sofrimento).

Ao centro está Cristo, Salvador do Mundo.

À direita, encontra-se o painel Memento Mori (Recordação dos Mortos), com a representação de uma caveira; em baixo, podem ler-se as palavras Scio enim quod redemptor meus vivit et in novissimo diedeterra surrecturus sum et rursum circūdabor pelle mea et incarne mea videbo deū salvaorem meum Job XIX° cap° (Pois eu sei que o meu Redentor vive, e que no último dia me levantarei sobre a terra, e serei revestido da minha pele e da minha carne, e verei a Deus, meu Salvador. Job, cap. 19).

09 outubro 2025

Divertimento N.º 1 de Mozart


Divertimento para Orquestra de Cordas N.º 1 em Ré Maior, de Wolfgang Amadeus Mozart (1756–1791), K. 136 (isto é, n.º 136 do catálogo Köchel das obras de Mozart), escrito quando o compositor tinha 16 anos de idade. Interpretação pelo violinista finlandês Pekka Kuusisto e a Orquestra de Câmara Norueguesa

06 outubro 2025

Gaivota

Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.

Que perfeito coração
morreria no meu peito,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.

Alexandre O'Neill (1924-1986)


Amália Rodrigues canta Gaivota, música de Alain Oulman para um poema de Alexandre O'Neill

04 outubro 2025

Subpoesia

Subsaarianos somos
sujeitos subentendidos
subespécies do submundo

subalimentados somos
surtos de subepidemias
sumariamente submortos

do subdólar somos
subdesenvolvidos assuntos
de um sul subserviente

José Luís Mendonça, poeta angolano



Algures em Angola (Foto: Adalberto Gourgel)

02 outubro 2025

Bailado Les Sylphides de Chopin


Les Sylphides, um bailado baseado em música de Frédéric Chopin (1810–1849), orquestrada por Alexander Glazunov (1865–1936), e com coreografia de Michel Fokine (1880–1942), interpretado pelas bailarinas americanas Marianna Tcherkassky, Cynthia Harvey e Cheryl Yeager, o bailarino Mikhail Baryshnikov (letão naturalizado americano), e o corpo de bailado do American Ballet Theater

O compositor polaco Frédéric Chopin nunca escreveu música para bailado, e menos ainda para um bailado chamdo Les Sylphides, mas a verdade é que existe um tal bailado, cuja música é corretamente atribuída a Frédéric Chopin.

Toda a música de Chopin foi escrita para piano, a solo ou acompanhado, e muita dela foi inspirada nas danças tradicionais do país natal do compositor, a Polónia. Um outro compositor, o russo Alexander Glazunov, decidiu pegar em algumas das peças musicais de Chopin, transcreveu-as para orquestra e fez delas um bailado, a que deu o nome de Les Sylphides. A coreografia do bailado ficou a cargo de Michel Fokine, também russo.

Ao contrário de muitos outros bailados, Les Sylphides não conta qualquer história. É um bailado sem enredo, que vale pela bela música de Chopin, pelos movimentos harmoniosos da coreografia de Fokine e pela graciosidade dos bailarinos. Les Sylphides é um dos exemplos mais perfeitos do chamado ballet clássico.