06 outubro 2025

Gaivota

Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.

Que perfeito coração
morreria no meu peito,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.

Alexandre O'Neill (1924-1986)


Amália Rodrigues canta Gaivota, música de Alain Oulman para um poema de Alexandre O'Neill

Comentários: 3

Blogger Rogério G.V. Pereira escreveu...

Acabas, inadvertidamente, de me dares uma ideia.
Vou convidar a Luisa Moutinho a cantar isto...
Quando e onde?
Depois digo!

Abraço

06 outubro, 2025 23:34  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Força! Este fado merece ser cantado muitas e muitas vezes.

08 outubro, 2025 01:38  
Blogger Maria João Brito de Sousa escreveu...

Estou de volta, Fernando... ou julgo estar, ainda não sei muito bem...

De qualquer forma consegui aqui chegar e ouvir este esplêndido fado.

Um abraço

08 outubro, 2025 20:19  

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