30 maio 2011

Cantilena

Heitor Villa-Lobos (1887-1959)

A peça musical mais conhecida do notável compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos é certamente o 1º Andamento (Ária-Cantilena), para voz soprano e oito violoncelos, das suas Bachianas Brasileiras nº 5 (pronuncia-se Baquianas). Uma das mais perfeitas interpretações desta peça que se gravaram até hoje é a da grande soprano, também brasileira, Bidu Sayão (1902-1999). Nesta gravação, que data dos finais da década de 50 do século passado, o agrupamento instrumental é dirigido pelo próprio Villa-Lobos.

Depois de um vocalizo inicial, a intérprete canta um poema que é, por vezes, erradamente atribuído a Manuel Bandeira, mas que de facto é de Ruth Valladares Corrêa. O poema diz o seguinte:

Tarde uma nuvem rósea lenta e transparente
Sobre o espaço, sonhadora e bela!
Surge no infinito a lua docemente,
Enfeitando a tarde, qual meiga donzela
Que se apresta e alinda sonhadoramente,
Em anseios d'alma para ficar bela.
Grita ao céu e à terra toda a Natureza!
Cala a passarada em seus tristes queixumes
E reflete o mar toda a sua riqueza...
Suave a luz da lua desperta agora
A cruel saudade que ri e chora!
Tarde uma nuvem rósea lenta e transparente
Sobre o espaço, sonhadora e bela!


1º Andamento (Ária-Cantilena) das Bachianas Brasileiras nº 5, de Heitor Villa-Lobos, por Bidu Sayão

25 maio 2011

Epopeia

Não mais a África
da vida livre
e dos gritos agudos de azagaia!
Não mais a África
de rios tumultuosos
-- veias entumecidas dum corpo de sangue!

Os brancos abriram clareiras
a tiros de carabina.
Nas clareiras fogos
roxeando a noite tropical

Fogos!
Milhões de fogos
num terreno em brasa!

Noite de grande lua
e um cântico subindo
do porão do navio.
O som das grilhetas
marcando o compasso!

Noite de grande lua
e destino ignorado!...
Foste o homem perdido
Em terras estranhas!...

No Brasil
ganhaste calo nas costas
nas vastas plantações do café!
No norte
foste o homem enrodilhado
nas vastas plantações de fumo!

Na calma do descanso nocturno
só saudade da terra
que ficou do outro lado...
-- só canções bem soluçadas --
dum ritmo estranho!

Os homens do norte
ficaram rasgando
ventres e cavalos
aos homens do sul!

Os homens do norte
estavam cheios
dos ideais maiores
tão grandes
que tudo foi despropósito!...

Os homens do norte
os mais lúcidos e cheios de ideais
deram-te do que era teu
um pedaço para viveres...
Libéria! Libéria!

Ah!
Os homens nas ruas da Libéria
são dollars americanos
ritmicamente deslizando...

Quando cantas nos cabarés
Fazendo brilhar o marfim da tua boca
É a África que está chegando!

Quando nas Olimpíadas
Corres veloz
É a África que está chegando!

Segue em frente
irmão!
Que a tua música
seja a de uma conquista!

E que o teu ritmo
seja a cadência de uma via nova!

para que a tua gargalhada
de novo venha estraçalhar os ares
como gritos agudos de azagaia!

Francisco José Tenreiro (1921-1963), poeta de São Tomé e Príncipe

18 maio 2011

Há cem anos morreu Gustav Mahler


Gustav Mahler (1860-1911) foi um compositor nascido na Boémia, que fica na atual República Checa, no seio de uma família judaica de língua alemã. Foi contudo em Viena, capital do Império Austríaco, ao qual a Boémia pertencia então, que ele desenvolveu a maior parte da sua atividade artística como regente de orquestra e diretor da célebre Ópera da cidade. Foi também em Viena que ele viria a falecer há cem anos, precisamente. Muita da sua produção musical, na sua qualidade de compositor, foi contudo criada ou, pelo menos, congeminada numa casa de campo que ele possuía no Alpes austríacos, onde costumava passar o Verão e procurar inspiração.

Gustav Mahler é frequentemente considerado o último dos grandes compositores do Romantismo. Na verdade, ele foi mais do que isso. Mahler estabeleceu a ponte entre o Romantismo do séc. XIX e o Modernismo do séc. XX. Sem romper totalmente com o Romantismo (era um grande admirador de Johannes Brahms, por exemplo), Gustav Mahler teve também uma grande influência em Arnold Schönberg e nos discípulos deste, que empreenderam uma revolução na música europeia no início do séc. XX.

A peça que proponho ouvir, nesta evocação do centenário da morte de Gustav Mahler, é o seu célebre Adagietto, que é o 4º andamento da sua Sinfonia nº 5. Quem alguma vez assistiu ao filme Morte em Veneza, que o grande realizador italiano Luchino Visconti fez a partir de um romance de Thomas Mann, dificilmente conseguirá evitar associar esta peça musical ao dramático final do genial filme. Peço no entanto que se faça um esforço por escutar esta obra sem a associar ao filme. O Adagietto deve ser apreciado como tal, isto é, como uma obra de arte em si mesma, e não como uma mera ilustração (ainda que magistralmente conseguida) de uma cena de um filme.



4º Andamento (Adagietto) da Sinfonia nº 5, de Gustav Mahler, pela Orquestra Filarmónica de Viena, dirigida por Leonard Bernstein

15 maio 2011

Desenhos na areia, em Vanuatu

© Vanuatu National Cultural Council

A muitos milhares de quilómetros do continente africano -- praticamente nos antípodas -- fica Vanuatu, um arquipélago vulcânico do Pacífico que é um estado independente, situado a norte da Nova Zelândia. Apesar da enorme distância que separa Vanuatu de África, também nas ilhas do norte e centro de Vanuatu se fazem desenhos na areia com um dedo, desenhos que são constituídos por uma linha contínua que é traçada sem levantar o dedo. No entanto, os desenhos de Vanuatu são substancialmente diferentes dos que são feitos em África (Angola, República Democrática do Congo e Zâmbia).

Contrariamente ao que sucede em África, onde os desenhos na areia correm sérios riscos de extinção, os desenhos de Vanuatu "estão vivos e recomendam-se", continuando a ser praticados e passados de geração em geração. A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) classificou os desenhos na areia de Vanuatu como Património Imaterial da Humanidade.

© Vanuatu National Cultural Council

O vídeo que se segue, que é da própria UNESCO, é acompanhado por um texto em inglês cuja tradução é a seguinte:

Situado no Pacífico Sul, o arquipélago de Vanuatu preservou uma tradição única e complexa de desenhos na areia. Esta escrita multifuncional é mais do que uma simples expressão artística e ocorre numa vasta gama de contextos rituais, contemplativos e comunicativos. Os desenhos são feitos diretamente no solo, sobre areia, cinzas vulcânicas ou pó de argila. Utilizando um dedo, o desenhador traça uma linha sinuosa e contínua sobre uma grelha imaginária, a fim de produzir uma composição de padrões geométricos e frequentemente simétricos.

Esta rica e dinâmica tradição gráfica desenvolveu-se como meio de comunicação entre os membros dos cerca de 80 grupos linguísticos diferentes que habitam as ilhas centrais e setentrionais de Vanuatu. Os desenhos também funcionam como mnemónicas para registar e transmitir a sabedoria ritual e mitológica, assim como uma rica informação oral que compreende narrativas locais, cosmologias, sistemas de parentesco, ciclos de canções, técnicas de cultivo, projetos arquitetónicos e artísticos e padrões coreográficos.

Muitos desenhos na areia possuem várias funções e níveis de significado: eles podem ser considerados obras de arte, repositórios de informações, ilustrações de histórias, assinaturas ou simplesmente mensagens e objetos de contemplação. Os desenhos na areia não são meras figuras, antes constituem uma combinação de conhecimentos, canções e histórias com significados sagrados ou profanos. Um mestre desenhador na areia, portanto, deve não só possuir um grande conhecimento dos padrões gráficos, mas também uma profunda compreensão do seu significado. Além disso, os desenhadores na areia devem ter a capacidade de interpretar os desenhos para outras pessoas.

Como atraentes símbolos da identidade de Vanuatu que são, os desenhos são frequentemente apresentados como um mero folclore decorativo, aos turistas e por outras razões comerciais. Se não for combatida, esta tendência para apreciar os desenhos na areia numa base puramente estética pode resultar na perda de tradições que têm um significado simbólico mais profundo e uma original função social.


Tradução das legendas:

Ilha Vao
Malekula

Antigo Parlamento Nacional
Port Vila

Isto é um espelho. Isto é uma ave chamada Yabu. É preta e com uma cabeça vermelha. Está a tomar banho numa casca de coco. Isto é a casca para esta ave. Esta casca é para esta. Esta casca é para esta. Esta casca é para esta. Está a tomar banho e a olhar-se no espelho. Sacode a cabeça. A esta outra ave chamamos Awiri. É só meia vermelha. Só esta ave toma banho na casca de coco. Mas quando sacode a cabeça, chapinha um bocadinho a outra. É por isso que esta não é toda vermelha como esta.

2º Festival de Artes Melanésias
Port Vila, Vanuatu, 2002

Escola Tradicional Gaiware Bulvanua
Norte da Ilha de Pentecostes

Isto é Vatangele. Vatangele é [um rochedo] no sul de Pentecostes. É a porta do Paraíso. Toda a gente em Pentecostes tem de saber isto. Se as pessoas morrerem sem saberem desenhar isto não serão capazes de ir para o Paraíso. Mas se souberem desenhá-lo, a porta abrir-se-á para elas. Agora vamos desenhar outro...


Seguem-se mais vídeos com desenhos na areia de Vanuatu.











08 maio 2011

Desenhos na areia, em África

Um lusona

Uma tradição existente -- mas que corre sério risco de extinção -- no leste de Angola, no sul da República Democrática do Congo e no oeste da Zâmbia consiste no desenho de figuras geométricas que são habitualmente traçadas na areia com a ponta de um dedo. Estas figuras são constituídas por redes de linhas sinuosas. Estas redes podem ser muito elaboradas e complexas.


A região de África habitada pelos Cokwe

O desenho começa pela marcação de uma quadrícula de pontos, marcados a espaços regulares com as pontas dos dedos. Em volta dos pontos são seguidamente traçadas linhas, que apresentam uns troços retos e outros em pequenos arcos de circunferência, as quais se mantêm sempre equidistantes dos pontos. As linhas são sempre fechadas, sendo cada uma delas traçada sem levantar o dedo da areia e seguindo regras bem específicas, que são impostas pela tradição. Quase todos os troços retos têm orientações bem definidas: horizontais, verticais e oblíquas para a esquerda e para a direita e com uma inclinação de 45 graus. Pode haver outras linhas que tenham curvas que não obedeçam à regra indicada ou que tenham orientações diferentes das referidas, mas são em muito menor número.


Desenhando um lusona na areia

Na língua cokwe (lê-se "tchócuè") ou quioca, cada um destes desenhos chama-se lusona (lê-se "lussona"), que é o singular da palavra plural sona. Nos idiomas lucazi (lê-se "lutcházi") e ngangela cada desenho deste tipo chama-se kasona, a que corresponde o plural tusona (leem-se "cassona" e "tussona", respetivamente).



Em séculos passados, estes desenhos eram conhecidos e feitos numa área geográfica muito mais vasta do que a que foi referida acima. O frade capuchinho italiano Giovanni Antonio Cavazzi da Montecuccolo (1621-1678), que pintou aguarelas ingénuas (mas valiosíssimas do ponto de vista documental) sobre a vida nos reinos africanos do Congo, Ndongo e Matamba, reproduziu em algumas das suas pinturas desenhos que eram em tudo iguais aos sona.


Aguarela pintada por Antonio Cavazzi no reino do Congo. A caixa transportada pela segunda figura a contar da esquerda está decorada com desenhos do tipo sona

Os sona têm vindo a ser estudados pelo matemático moçambicano Paulus Gerdes, que descobriu neles propriedades matemáticas notáveis, por exemplo no domínio da Análise Combinatória. Não cabe no espaço de um artigo de um blogue a exposição das propriedades matemáticas que os sona possuem. Mas posso afirmar o seguinte: os conhecimentos matemáticos dos africanos que vivem em sociedades tradicionais rurais vão muito para além da mera contagem de cabeças de gado. Estes conhecimentos incluem conceitos tais como máximo divisor comum, menor múltiplo comum, combinações e permutações, entre outros, ainda que os camponeses africanos não saibam quais são as respetivas fórmulas nem nunca tenham ouvido falar em fatoriais.

Eles podem não saber a fórmula que permita calcular uma permutação, por exemplo, mas têm os conhecimentos suficientes para saber antecipadamente, sem errar, quantas linhas fechadas é que irão ser traçadas num lusona, em função do número de pontos marcados na areia e das inflexões que as linhas irão sofrer no desenho.


Podemos igualmente chamar ideogramas aos sona, pois eles também são uma representação gráfica de contos, provérbios, jogos, mitos, cantos, parábolas, leis, etc. Com efeito, à medida que vai contando (e também cantando, pois a música está quase sempre presente nas manifestações culturais africanas), o camponês africano vai traçando um lusona na areia, o qual acaba por ser uma representação simbólica da evolução da narrativa.

Apresentam-se a seguir alguns sona, acompanhados da correspondente história que representam.


Sambalu, o coelho (posicionado no ponto B), descobre uma mina de sal-gema (ponto A). Imediatamente, o leão (ponto C), a onça (ponto D) e a hiena (ponto E) reclamam a posse, reivindicando o direito do mais forte. O coelho, afirmando o inviolável direito do mais fraco, rapidamente faz uma vedação para isolar a mina dos usurpadores.

Como se pode verificar no desenho, só é possível chegar ao ponto A (a "mina de sal-gema") a partir do ponto B (o "coelho") sem atravessar a linha sinuosa (a "vedação"). Os outros pontos (o "leão", a "onça" e a "hiena") estão separados de A pela linha.




Um certo caçador, chamado Cipinda, foi caçar levando o cão Kawa e apanhou uma cabra. Quando regressou à aldeia, o caçador dividiu a carne com Kalala, o dono do cão. Kawa ficou só com os ossos.

Algum tempo depois, Cipinda pediu de novo os serviços do cão, mas este recusou-se a ajudá-lo. Disse ao caçador para levar Kalala, já que era com ele que estava habituado a dividir a carne.




Um dia, o leopardo Kajama pediu à cegonha Kumbi algumas penas para forrar a sua toca. Uns dias mais tarde, a cegonha pediu ao leopardo um bocado da sua pele. Quando Kajama satisfez o pedido da cegonha, morreu. O filho de Kajama tentou vingar a morte do pai, mas Kumbi, que conhecia muito bem o pântano, conseguiu escapar.

Neste desenho, a linha ondulada é o trajeto da cegonha em fuga, Kumbi. Os pontos representam o pântano através do qual Kumbi fugiu. O desenho consiste, de facto, em duas linhas curvas entrelaçadas.




O galo e o chacal queriam casar com a mesma mulher. Quando pediram a mão ao pai dela, este disse-lhes que eles teriam que dar um alembamento (dote). Quando se divulgou a notícia de que a noiva tinha morrido, o galo chorou inconsolável, enquanto que o chacal só lamentou a perda do pagamento adiantado. O pai, que tinha intencionalmente espalhado o boato, para saber qual dos pretendentes merecia a sua filha, deu-a ao galo, que tinha demonstrado um verdadeiro amor.



A figura que está em cima é Deus, à esquerda está o Sol, à direita está a Lua e em baixo está um ser humano. Este lusona representa o caminho para Deus.

Um dia, o Sol foi visitar Deus. Deus deu um galo ao Sol e disse: «Volta cá amanhã de manhã antes de partires». No dia seguinte de manhã, o galo cantou e acordou o Sol. Quando o Sol se apresentou diante de Deus, este disse-lhe: «Tu não comeste o galo que te dei para o jantar. Podes ficar com o galo, mas tens que regressar todos os dias.» É por isso que o Sol dá a volta à Terra e reaparece todas as manhãs.

A Lua também foi visitar Deus e recebeu um galo de presente. No dia seguinte de manhã, o galo cantou e acordou a Lua. Mais uma vez, Deus disse: «Tu não comeste o galo que te dei para o jantar. Podes ficar com o galo, mas tens que regressar a cada vinte e oito dias.» É por isso que o ciclo da Lua dura vinte e oito dias.

O ser humano também foi visitar Deus e recebeu um galo de presente. Mas o humano estava com fome depois de ter feito uma tão longa viagem e comeu parte do galo ao jantar. Na manhã seguinte, o Sol já ia alto no céu quando o humano acordou, comeu o resto do galo e apressou-se a visitar Deus. Deus disse-lhe: «Eu não ouvi o galo cantar esta manhã.» O humano respondeu-lhe a medo: «Eu estava com fome e comi-o.» «Está bem,» disse Deus, «mas escuta: tu sabes que o Sol e a Lua estiveram aqui, mas nenhum deles matou o galo que lhes dei. É por isso que eles nunca morrem. Mas tu mataste o teu, e por isso deves também morrer. Mas quando morreres deves regressar aqui.»

E assim acontece.




A figura que está em cima é Deus, à esquerda está o Sol, à direita está a Lua e em baixo está um ser humano. A linha reta que está ao centro representa o caminho para Deus. (segundo Mário Fontinha, 1983)

Quando o Sol morreu, os seus familiares foram ter com Deus. Foram recebidos por Samuto, o porteiro de Deus, que lhes disse: «Embrulhai o Sol num pano vermelho e colocai-o numa árvore». Eles assim fizeram. Na manhã seguinte, eles ficaram muito felizes por ver o Sol a brilhar novamente.

O mesmo aconteceu com a Lua. Desta vez, Samuto aconselhou aos seus parentes que colocassem barro preto num pano branco, a envolvessem com este e a pusessem numa árvore. Assim fizeram e nessa mesma noite a Lua voltou a brilhar.

Quando o chefe de uma aldeia morreu, os habitantes também foram até Deus. No entanto, estes foram muito arrogantes e exigiram a Samuto, fazendo-lhe ameaças, que os levasse até Deus. Deus mandou-os de volta, dizendo-lhes: «Fazei uma padiola e levai o vosso chefe para um buraco que abrireis no mato, onde ele irá descansar. Depois devereis comemorar a sua morte durante cinco dias! A seguir devereis esperar até que o vosso chefe se levante novamente!»

Eles esperaram em vão, evidentemente. Foi assim que a morte veio ao mundo.




Leopardo fêmea com cinco filhotes



Algumas páginas na Web:

http://www.tucokwe.org/cultura/artigos/sona_os_desenhos_na_areia.html

http://nautilus.fis.uc.pt/bspm/revistas/20/021-027.150.pdf

http://www.exploratorium.edu/store_images/publications/masc_sona.pdf

http://personal.centenary.edu/~mschlat/sonaarticle.pdf

http://www.botschaftangola.de/content.php?nav=ueber_angola/kunst_kultur/sandzeichnungen

http://rpinfo.rpi.edu/~eglash/isgem.dir/texts.dir/sonapoly.doc

http://mwanapwo.blogspot.com/2006/02/sona-os-desenhos-na-areia.html

http://mwanapwo.blogspot.com/2006/04/os-sona-ou-desenhos-na-areia-e.html

http://plus.maths.org/issue19/features/liki/index.html

http://members.tripod.com/vismath/paulus/

02 maio 2011

Daqui houve nome Portugal



A cidade do Porto e também Vila Nova de Gaia

01 maio 2011

As pessoas sensíveis

As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas

O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra

"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não:
"Com o suor dos outros ganharás o pão".

Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito

Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.

Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)