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Autorretrato, óleo sobre painel convexo de Parmigianino, c. 1524 (Kunsthistorisches Museum, Viena, Áustria) |
Era uma vez um jovem pintor que estava desempregado. Em vez de elaborar um
curriculum vitæ, coisa que no seu tempo não se usava, resolveu fazer um autorretrato, que provassse as suas qualidades profissionais aos seus potenciais empregadores. Este jovem, porém, não era um pintor qualquer. Achou que, se fizesse um autorretrato tecnicamente mais difícil, conseguiria um emprego mais rapidamente e mais bem remunerado. Assim, o jovem resolveu pintar-se refletido num espelho convexo. E assim nasceu uma nova corrente artística. Ao apresentar uma imagem distorcida de si próprio, este jovem rompeu com os preceitos do Renascimento e com o seu naturalismo. Este autorretrato marca o nascimento do Maneirismo.
O jovem de que estou a falar chamava-se Girolamo Francesco Maria Mazzola, mas é mais conhecido como
Parmigianino, por ter nascido na cidade de Parma, na Itália. Nasceu em 1503 e morreu em 1540, apenas com 37 anos de idade. O seu autorretrato é de reduzidas dimensões, tendo apenas 24,4 cm de diâmetro, e no entanto é considerado uma das obras mais importantes que estão no principal museu de arte de Viena, o sumptuoso Kunsthistorisches Museum (Museu de História da Arte), em pleno centro monumental da capital austríaca.
O grande público que visita o museu mal olha para aquele quadrinho, aparentemente tão insignificante em comparação com as obras de outros grandes mestres da pintura europeia que também lá estão, como Ticiano, Brueghel, Rubens e outros mais. A própria decoração interior do museu, que é esmagadora no seu imenso luxo, faz parecer ainda mais pequenino e insignificante aquele quadrinho. Injustamente, porém. O autorretrato de Parmigianino merecia estar exposto em lugar de destaque, que chamasse a atenção dos visitantes para ele.