A matéria escura
O Sol -- e nós com ele -- encontra-se situado num dos ramos da Via Láctea, que é a galáxia a que nós pertencemos e cuja configuração aproximada, em espiral, se encontra esquematizada na figura que acima se apresenta.
Acontece que a Via Láctea roda em torno do seu centro com uma velocidade tal que o Sol deveria ser "cuspido" dela por acção da força centrífuga, apesar da atracção feita por toda a matéria de que a galáxia é constituída: milhões e milhões de estrelas, planetas, cometas, gases, poeiras, pedregulhos e tudo o mais. Por outras palavras, a atracção gravitacional exercida por toda a matéria que constitui a Via Láctea não é suficiente para que o Sol não lhe fuja.
Mas o Sol não lhe foge, continua preso a ela. O que será que o prende? Além da matéria comum referida, o que prende o Sol à Via Láctea deverá ser uma espécie de matéria, que também deve existir mas que não se consegue ver, nem com os mais poderosos telescópios de que dispomos, qualquer que seja a faixa do espectro electromagnético em que eles observem: ondas de rádio, micro-ondas, infravermelhos, luz visível, ultravioletas, raios X ou raios gama.
O que prende o Sol à Via Láctea, além da matéria comum referida, deverá ser uma espécie de matéria, que também deve ser transparente, pois não nos impede de ver as incontáveis galáxias que se estendem pelo espaço fora.
É realmente muito estranho que os nossos telescópios consigam ver galáxias e enxames de galáxias que estão situados a centenas de milhões de anos-luz de distância de nós, mas não consigam ver a matéria que, aqui "à mão de semear", nos prende à nossa própria galáxia. A esta matéria, que é invisível e transparente, que não brilha nem tem carga eléctrica, os astrónomos deram o nome de "matéria escura" ou "matéria negra".
Agora, um grupo de investigadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, que tem observado o movimento de 12 galáxias anãs que orbitam em torno da Via Láctea, conseguiu deduzir algumas propriedades de tão estranha matéria. Segundo eles, a matéria escura existente no espaço encontra-se agregada em blocos. Cada um dos blocos tem uma extensão que não poderá ser inferior a 1000 anos-luz, possui uma massa equivalente a 30 milhões de vezes a massa do Sol e encontra-se a uma temperatura de 10.000 graus centígrados. A notícia em inglês desta descoberta pode ser lida aqui e aqui.
(1 ano-luz = 9.460.800.000.000 quilómetros, aproximadamente)
Comentários: 0
Enviar um comentário