Arte Maneirista
Pintura de Giuseppe Arcimboldo
A Escola Maneirista surgiu no séc. XVI como reacção ao academismo sem alma em que a escola renascentista se estava a tornar. Ela surgiu assim em oposição ao Renascimento. Enquanto este procurava a perfeição e a beleza absolutas, tomando como modelo a Antiguidade Clássica, o Maneirismo foi uma escola de excessos, distorções, contrastes, sonhos, ilusões, etc. De entre as ilusões cultivadas pelo Maneirismo sobressaem as ilusões de óptica, de que o pintor italiano Giuseppe Arcimboldo foi um cultor notável, como se pode verificar pela pintura reproduzida acima.
Em Portugal, o Maneirismo não atingiu, nem de perto nem de longe, o grau de transgressão a que chegou em outros países, por causa da feroz repressão religiosa exercida pela Inquisição. Em consequência, o Maneirismo português fez sobretudo uma arte de carácter religioso.
Na minha opinião, as obras mais notáveis de Arte Maneirista em Portugal são obras arquitectónicas. Gosto muito da Igreja de São Vicente de Fora em Lisboa, mandada construir pelo rei Filipe I de Portugal, II de Espanha, em substituição de um pequeno templo mandado erigir por D. Afonso Henriques.
Os jesuítas foram quem mais aplicou o Maneirismo em Portugal, construindo templos dotados de um carácter teatral, consentâneo com o proselitismo que os caracterizou. A Arquitectura maneirista portuguesa foi, portanto, uma Arquitectura essencialmente jesuítica. Exemplos disso são a Igreja de São Lourenço, também chamada Igreja dos Grilos, aqui no Porto (foto ao lado) e a Igreja do Colégio em Santarém, que desempenha actualmente as funções de Sé Catedral.
Salvo raras excepções, a pintura maneirista portuguesa foi francamente má. Ainda assim, algumas das melhores pinturas desta Escola podem ser vistas na Igreja da Luz, em Lisboa. Uma das pinturas mais conhecidas do Maneirismo português é a Santa Maria Madalena de Francisco Venegas, que se reproduz em baixo. Ela é conhecida não tanto por causa do seu valor artístico, mas por causa da transgressão que constituiu, uma das poucas trangressões verificadas no Maneirismo português. Deve ter sido precisa muita coragem para, naqueles tempos de intolerância religiosa, representar uma santa de seios nus e colocá-la no interior de uma igreja.
Santa Maria Madalena, de Francisco Venegas, c. 1590, óleo sobre tela, Igreja da Graça, Lisboa
Comentários: 2
Caro denudado, só para lhe retribuir a visita e dizer-lhe que não tem que desculpar-se pelo que quer que seja. O assunto ficou já encerrrado mas creio que lhe clarifiquei o meu ponto de vista e que, vendo bem, não difere em muito do seu quanto à importância das sequelas causadas. Apenas diferimos na escala.
Deambulei com prazer pelo seu blog. Parabéns!
Prefiro comentar o Adágio aqui, apesar dos saltos cronológicos.
Há músicas que são intemporais.
E era o que te queria dizer...
Obrigada pelo teu gosto artístico.
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