A Sagração da Primavera
Le Sacre du Printemps é o nome de um bailado do compositor russo Igor Stravinsky, cuja estreia pelos Ballets Russes de Sergei Diaghilev e com coreografia de Vaslav Nijinski, em 29 de Maio de 1913 no Théatre des Champs Élysées, em Paris, causou um enorme escândalo. O escândalo foi tão grande que ainda agora se fala nele, apesar de já ter passado quase um século. «Vão para o Inferno!», gritou Stravinsky para o público.
O bailado evoca ritos de fertilidade da Rússia pagã, que incluem o sacrifício de uma jovem. «Os sábios anciãos estão sentados num círculo e observam a dança que antecede a morte da jovem que vão oferecer como sacrifício ao deus da Primavera, com vista a conquistar a sua benevolência», descreveu o compositor.
A música fortemente ritmada, dissonante e "selvagem" sugere uma atmosfera primordial e uma época primitiva. A coreografia, por seu lado, tinha um carácter erótico e também primitivo, indo ao arrepio de tudo quanto o público parisiense estava habituado a ver.
Não sei se foi Maurice Ravel ou se foi outra pessoa que, a propósito do carácter revolucionário do bailado, comentou mais ou menos o seguinte: «Algo de profundamente revolucionário está para acontecer na Rússia». Efectivamente, quatro anos mais tarde acontecia a Revolução de Outubro.
Actualmente, o Sacre du Printemps já não escandaliza o público. É mesmo uma das mais celebradas peças para bailado, tendo vindo a integrar o repertório de muitas companhias. Aqui pode ser ouvida a música das duas primeiras cenas da peça, interpretada pela Orquestra Sinfónica Columbia sob a direcção do próprio Igor Stravinsky, numa gravação de 1960. Aqui pode ser visto um curto video mostrando um pouco da coreografia concebida por Maurice Béjart, um dos mais célebres bailarinos e coreógrafos de sempre. Das duas fotografias que se seguem, a primeira mostra um momento da coreografia de Béjart e a segunda refere-se à coreografia de Angelin Preljocaj, apresentada em 2001.
Foto: Digitale Scool
Foto: Digitale Scool
Comentários: 3
Denudado, tb não consigo abrir. Já tentei várias vezes. Não nos prive disto.
Os links que dei neste artigo referem-se a ficheiros com as extensões .wma (Windows Media Audio) e .wmv (Windows Media Video), que correspondem a normas de codificação que a Microsoft criou, para serem lidos pelo seu Windows Media Player. Em princípio, qualquer computador que tenha o Windows também tem o Player e, por isso, consegue ler os ficheiros com estas extensões.
Acontece que há outros programas leitores que também descodificam estes formatos. O Winamp é um deles, o Real One é outro e há outros ainda. O problema resulta do facto de haver leitores que, quando são instalados, se consideram automaticamente pré-definidos para ler todos os formatos que suportam, incluindo aqueles que já estejam reservados por outros leitores, sem perguntarem nada a ninguém. O Winamp faz isso, o Quick Time também e outros farão o mesmo.
Resulta daqui que, para alguns formatos, passa a haver dois leitores que querem reproduzir ao mesmo tempo um video ou um audio, quando se clica num link. Como nenhum dos leitores se consegue sobrepor ao outro, acabamos por não ouvir ou ver nada em nenhum deles.
A solução é abrir um desses leitores e, no seu menu de Opções ou Preferências, desactivar os formatos em colisão (.wma e .wmv neste caso), para que só o outro leitor possa entrar em acção quando se clica no link.
Por exemplo: se tivermos o Windows Media Player e o Winamp no nosso computador, devemos desactivar no Winamp os formatos em colisão se quisermos vê-los e ouvi-los no WMP, ou desactivá-los no WMP se quisermos vê-los e ouvi-los no Winamp.
Planaltobié, podemos dizer que o paganismo está a alastrar na Europa e que também já chegou a Portugal. Trata-se de um paganismo supostamente céltico, de que eu julgo ter encontrado vestígios há cerca de três anos, durante um dos meus passeios a pé pelos montes.
Na Serra de Arada, que é vizinha da da Freita, existem várias aldeias abandonadas, uma das quais tem um nome de ressonâncias bárbaras: Drave. É uma aldeia perdida no meio da serra, que não tem acesso por estrada, mas que já teve telefone e energia eléctrica produzida por painéis solares. A capela está em perfeito estado de conservação e algumas casas ainda estão habitáveis, embora fechadas. É uma aldeia lindíssima de casas de xisto, como lindíssima é a paisagem que a envolve. Apetece-nos ficar ali para o resto da nossa vida, tal é a beleza e a paz que se respira naquele recôncavo da serra.
Num pequeno campo junto da aldeia, encontrei o que me pareceu ser um altar pagão: uma rústica mesa de xisto, ao lado da qual havia uma lápide que tinha o desenho de uma gaivota estilizada e os seguintes dizeres: "Que eu veja uma nova Terra e um novo Céu".
A gravação na lápide parecia ser muito recente e estava perfeitamente executada. Provavelmente terá sido feita numa oficina de cantaria, dessas que fabricam lápides para os cemitérios. O desenho da gaivota mostra que quem mandou fazer aquilo não é de Drave, pois na serra não existem gaivotas...
A única explicação que eu encontro para aquele achado é a de que ele corresponderá a um culto pagão, feito por citadinos (gente do Porto, S. João da Madeira, Ovar, etc.) que se deslocarão de carro até um monte próximo e depois descerão a pé até à aldeia, para aí fazerem as suas celebrações druídicas.
Estarei a levar longe demais a minha imaginação e o meu "altar" terá uma explicação muito mais comezinha?
A fotografia que ilustra a citação de Sophia de Mello Breyher ao fundo deste meu blog foi tirada a cerca de um quilómetro de Drave. Os montes apresentam uma cor acastanhada porque estão completamente cobertos de flores, milhões e milhões de flores pequeninas e avermelhadas.
Do fundo do vale que se vê na imagem (tapado pelas letras da citação) vinham gritos de uma mulher, à mistura com o tinir de chocalhos. Não eram gritos de aflição nem de chamamento, eram simplesmente gritos «Uuuuhhh! Uuuuhhh!» De repente, vinda do nada, apareceu-me uma mulher sozinha e que deveria ter mais de 60 anos. Ainda pensei que era ela que gritava, mas não era. Os gritos continuavam a ouvir-se. Perguntei-lhe que gritos eram aqueles e ela respondeu-me com a maior das naturalidades: «É uma pastora. Está a gritar para manter os lobos afastados do seu rebanho».
Imagina! Havia lobos naquela serra e aquela mulher andava por ali sozinha, falando-me em lobos como quem fala em cães e gatos!
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