A rabeca chuleira
Encontrei no Youtube um vídeo, que o etnomusicólogo corso Michel Giacometti fez para a RTP em 1970, que é uma preciosidade etnográfica. Apresso-me a partilhá-lo.
Pode ler-se uma descrição deste instrumento popular português nesta página.
Comentários: 7
Muito bom. Conheces a brasileira que trabalhou com ele? A Kilza Setti. Há um link disponível sobre sua formação: http://www.musicabrasileira.net/compositores/kilza.htm
Olá (agora) Fernando ;)
Só hoje percebi que tinhas voltado.
Fico contente.
Beijo
Caro "Lusofonia Horizontal",
Eu tenho uma ideia muito vaga de ter ouvido falar de uma brasileira que terá trabalhado com Michel Giacometti, mas desconhecia tudo sobre ela. Muito obrigado pela informação.
Eu devia ter assinalado no texto que o Portugal que se vê retratado neste vídeo já não existe mais. Já não existe esta música tão pura, já não existe esta forma de tocar tão ingénua, já não existe esta ruralidade tão profunda, já não existe esta pobreza tão grande. Pessoas montadas em burros, uma mulher a cavar penosamente a terra, um homem com um fato andrajoso, a magreza extrema de velhos e velhas em resultado de uma vida inteira de trabalho e de sofrimento... Nada disto existe mais. A última vez que vi este Portugal rural, atrasado e miserável foi há cerca de 10 anos, numa aldeia histórica chamada Castelo Mendo, que fica entre a cidade da Guarda e a fronteira com Espanha. Como Portugal mudou em menos de 40 anos! Mesmo Castelo Mendo já mudou também.
Para muitos brasileiros, este vídeo retrata o mundo de onde partiram os seus avós portugueses. Foi um Portugal assim que eles deixaram para trás quando emigraram para o Brasil.
Cara Phwo,
Sê bem-vinda de volta a este espaço. Acabei por voltar a estas lides, como vês, apesar das minhas limitações de tempo. Não há nenhuma rede social, fórum ou Twitter que se compare ao bom velho blogue. Por isso voltei.
Magnífico trabalho do grande Giacometti. Teve de ser um estrangeiro a cá chegar e apaixonar-se pela nossa música.
Caro L&G,
Portugal tem uma enorme dívida de gratidão para com Michel Giacometti. Sem querer tirar o mérito a outros, pode-se dizer que foi sobretudo ele quem nos revelou as verdadeiras raízes da nossa cultura. Só podia ser um estrangeiro a conseguir fazê-lo.
Desculparão o preciosismo, mas chamou-me a atenção o detalhe técnico da posição das mãos do rabequeiro, que não sendo isento de consequências vale a pena notar, uma vez que indicia uma formação tradicional. Na última peça pode observar-se um outro instrumentista cuja formação foi aparentemente mais cuidada, pois as mãos estão em posição que proporciona muito maior flexibilidade. No caso da mão direita a diferença sentir-se-à na dinâmica dos sons, no caso da mão esquerda as consequências são mais notáveis, uma vez que estando a palma paralela ao braço do instrumento se torna mais difícil percorrê-lo em toda a extensão e a rigidez acrescida empobrece ou pode mesmo impossibilitar o vibrato em algumas circustâncias.
Caro Hélder,
Não é preciosismo nenhum o facto que aponta sobre a forma de tocar dos rabequistas. É imediatamente visível que ambos tocam de maneira bastante diferente, mas um leigo no assunto como eu fica-se por aí, sem entender como é que isso acontece, nem que consequências é que isso tem sobre o som produzido. Agora fiquei mais esclarecido. Obrigado.
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