A Igreja Matriz de Caminha
A Igreja Matriz da vila de Caminha, consagrada a Nossa Senhora da Assunção, é um belíssimo templo que foi restaurado muito recentemente. É uma igreja do séc. XVI e o seu estilo é alvo de alguma controvérsia, porque se trata de uma obra de transição. Há quem diga que a igreja é de estilo plateresco, manuelino ou renascentista. Na verdade, encontramos cada um destes estilos em diferentes partes do templo. No portal da igreja, por exemplo, encontramos um predomínio de elementos renascentistas.
Vale a pena entrar na igreja e admirar o seu riquíssimo teto de madeira. Apresenta influências do estilo mudéjar, que é de inspiração islâmica.
Um detalhe curioso da Matriz de Caminha é uma gárgula que se encontra virada para Espanha. Essa gárgula representa um homem de traseiro ao léu, cagando para os espanhóis... Quando chove, a água da chuva escorre pelo buraco, como se o homem estivesse com diarreia!
Este tipo de gárgula não é exclusivo desta igreja. Existe uma gárgula semelhante, por exemplo, na Sé Catedral da Guarda. Em Miranda do Douro, igualmente, há uma casa que tem um apoio para vasos de flores em forma de cu, numa fachada da Rua do Abade de Baçal. E mais cus haverá certamente ao longo da fronteira, todos devidamente virados para os espanhóis.
É claro que estes traseiros malcriados são sinais de um tempo passado, de guerras e inimizades, entre Portugal e Espanha. Nos tempos que correm, eles são completamente anacrónicos. Ainda mais anacrónicos são em Caminha, tendo em vista os laços de especial cordialidade que existem entre portugueses e galegos. Ao fim de tantos séculos de separação política, de guerras, ódios e mortes aos milhares, portugueses e galegos acabam por descobrir que afinal são irmãos, de sangue e de cultura. O Rio Minho não separa; une.
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