Dadrá e Nagar-Aveli
Os pequenos territórios de Dadrá e Nagar-Aveli, situados a cerca de 15 km de distância do território de Damão, no subcontinente indiano, foram talvez a parcela mais ignorada de todo o império português, mais ignorada ainda do que o enclave de Oecussi-Ambeno, em Timor.
Tal como aconteceu com Macau, os territórios de Dadrá e Nagar-Aveli não foram conquistados pelos portugueses, mas sim oferecidos. Com efeito, no ano de 1783, os maratas, que governavam aquela parte ocidental da Índia, deram-nos a Portugal, como compensação pelo afundamento de um navio português feito pela sua marinha.
A administração portuguesa de Dadrá e Nagar-Aveli durou até 1954, ano em que Portugal se viu obrigado a retirar, por ação de um movimento independentista local.
No fundo, os portugueses nunca souberam muito bem o que haveriam de fazer com Dadrá e Nagar-Aveli. Com Damão, sim, souberam. Damão foi um importantíssimo entreposto marítimo para o comércio português com o interior da Índia. Mas Dadrá e Nagar-Aveli não tinham saída para o mar e eram habitadas apenas por populações rurais pobres.
Desde 1954 e até 1961, ano em que foram formalmente integradas na União Indiana, Dadrá e Nagar-Aveli foram, teoricamente, um estado independente. Em 1961, foi dada aos habitantes dos territórios a possibilidade de escolherem a sua integração num dos dois estados indianos vizinhos, Guzarate (Gujarat) ou Maharashtra, o que eles recusaram. Dadrá e Nagar-Aveli ficaram então a ser um território separado destes dois estados mas, dada a sua pequenez, não receberam eles mesmos o estatuto de Estado. Tornaram-se naquilo a que se chama um Território da União, à semelhança, aliás, do que aconteceu com Damão e Diu, que em conjunto também constituem outro Território da União. Goa, como se sabe, acabou por ser elevada à categoria de Estado.
Os vídeos que se seguem são vídeos de promoção turística de Dadrá e Nagar-Aveli. São, por isso, superficiais e dão realce ao pitoresco e ao exótico. Ainda por cima, estão em inglês. Mas já servem para nos dar uma ideia de como são Dadrá e Nagar-Aveli, territórios na Índia que foram portugueses durante perto de duzentos anos.
Comentários: 5
Gostei de conhecer. É sempre um prazer passar por aqui.
Gostei de ver e de ler o que li.
Tenho 71 anos e procuro as pedras da picada da vida.Do Oriente tenho raízes maternais e do do Ocidente nortenho de mar agreste as paternas.
As sementes nasceram em África e na América. As cinzas ficarão na jangada de pedra que cada dia que passa se afunda mais por falta de memória.
Bem haja.
Cara Maria,
Ainda bem que gostou. Espero que continue a passar por aqui.
Prezado Jacaré do Pantanal,
Fico-lhe muito agradecido por esta sua "dentada". Quanto à jangada de pedra, ela não se vai afundar, com toda a certeza, apesar de por vezes parecer que é isso o que vai acontecer. Os tripulantes da jangada têm qualidades e potencialidades insuspeitáveis, pode crer.
Há um pequeno pormenor que não está correcto quando diz que a presença portuguesa em Dadrá e Nagar-Aveli acabou sem que se tivesse disparado um único tiro; em Dadrá a pequena guarnição policial comandada pelo Sub-Chefe Aniceto do Rosário deu luta e resistiu ao ataque desencadeado pelos integracionistas; neste combate perderam a vida o Sub-Chefe Aniceto do Rosário e o Guarda António Fernandes.
Francisco Monteiro
Amadora
Prezado Francisco Monteiro,
Muito obrigado pela sua retificação. As fontes que consultei, antes de escrever este despretencioso artigo, referiam que não tinha havido resistência portuguesa. Mas houve, como refere. Peço-lhe que me desculpe o engano. Vou de imediato corrigir o texto.
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