23 junho 2012

Noite de São João no Porto

Na noite de São João, as luzes de muitos balões iguais a este juntam-se às das estrelas no céu. É um milagre de São João: o céu fica com mais estrelas do que nas outras noites do ano (Foto de autor desconhecido)

S. João, a festa do povo

Longe de qualquer tradição religiosa, o S. João é o cheiro a gente, a poesia popular e a paixão eternizada pelo erotismo dos cravos, outrora oferecidos às raparigas.

As ruas enchem-se de transeuntes que, em ritmo de passeio, aproveitam para dar uma ou outra martelada na cabeça do vizinho, mas poucos são aqueles que conhecem as verdadeiras origens do S. João, no qual a sardinha assada não é rainha.


“Ver o sol nascer, apanhar as orvalhadas e saltar às fogueiras”

As verdadeiras origens da festa estão intimamente ligadas ao culto do sol, da natureza, do fogo e da fecundidade. Segundo Hélder Pacheco, as referências às festas de S. João começaram a sentir-se nitidamente no século XIX. “A cidade era, então, mais pequena”, recorda, explicando que, na altura, o S. João consistia em três festas: uma no Bonfim, uma na Lapa e outra em Cedofeita.

Ainda assim, rapidamente se transformou numa “festa de ruas, ruelas e bairros”. Hélder Pacheco contou até que estão arquivados, na cidade, centenas de milhares de pedidos de autorização para a realização de arraiais, nos mais diversos sítios.

Apesar de, atualmente, o cheiro a sardinhas assadas ser um dos odores mais fortes do S. João, “o prato típico era o anho ou o cabrito assado com batatas”. “A sardinha nada tem a ver com a tradição do S. João do Porto. É a feira popular que a adiciona à festa”, garantiu. O historiador revelou ainda que, no espírito original da festividade, “o S. João é ver o nascer do sol, apanhar as orvalhadas e saltar às fogueiras”, ações ligadas aos cultos da natureza e da fertilidade. De salientar ainda a forte presença do culto das plantas, que atribuiu uma simbologia a cada uma delas. “O alho porro transformou-se num protetor e o cravo, por exemplo, era oferecido pelos homens às mulheres, tendo um significado erótico”, contou Hélder Pacheco.


“O S. João nunca foi uma festa católica”

Errado é também pensar que esta festa, de cores, cheiros e sabores, apresenta uma base religiosa, em homenagem a um santo. “O S. João nunca foi uma festa católica”, explicou, à Viva, o historiador Hélder Pacheco. “É uma festa pagã, dedicada ao solstício de Verão”, acrescentou, frisando que, ao contrário do que se podia ler numa campanha espalhada pela cidade do Porto, o S. João não tem 100 anos. “As referências [à festa] são da Idade Média. Já Fernão Lopes falou do S. João. O que se verificou há 100 anos foi a escolha do feriado”, apontou Hélder Pacheco.

O historiador explicou, então, que a Igreja, “muito habilmente, fez coincidir a festa do nascimento de S. João Batista com a data do solstício”, de modo a atribuir-lhe um cariz religioso. (...)

Texto de Mariana Albuquerque, descaradamente roubado ao blogue Gaivota Maria.

Comentários: 2

Blogger Rogério G.V. Pereira escreveu...

Estou a ver S. João
Na televisão
E fico na duvida
Se o Porto é... no Maranhão

23 junho, 2012 22:02  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Prezado Rogério,
Confesso que esta do Maranhão não entendi... Tanto quanto sei, o São João é amplamente festejado no Brasil. Foi por isso que se referiu ao Maranhão? A televisão estava a transmitir algo de lá?

25 junho, 2012 17:58  

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