Ninfas de rosto humano
Camões e as Tágides (1894), de Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929), Museu de Grão Vasco, Viseu
Columbano Bordalo Pinheiro foi um grande pintor português, cuja obra se insere na corrente artística do Realismo, que surgiu durante o séc. XIX como reação ao Romantismo, às suas paixões exageradas e às suas representações ideais. A obra de Columbano tem, portanto, quase sempre os pés assentes na realidade, mesmo quando representa, ela também, temas ideais ou imaginários.
É o caso deste seu quadro, que nos mostra Luis de Camões sentado numa imaginária praia do Rio Tejo, com a Torre de Belém ao fundo, e recebendo inspiração das também imaginárias ninfas do rio, a que o poeta chamou Tágides. Nada disto nos sugeriria a corrente realista se não fosse a representação que Columbano fez das ninfas. Os corpos destas poderão parecer-nos excessivamente perfeitos, também é verdade que sim, mas os seus rostos não correspondem em nada aos rostos representados pelos pintores românticos. São rostos humanos e não divinos, rostos de mulheres comuns, em tudo iguais às das mulheres com quem o pintor se cruzava nas ruas de Lisboa.
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