Pequeno poema
Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.
Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve estrelas a mais…
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.
Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.
As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém…
Pra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe…
Sebastião da Gama (1924–1952)
Quando eu era criança… |
Comentários: 9
Faz anos, Fernando?
Faço "alguns" anos, UJM. Sou do signo da Virgem.
Lindo poema. Às vezes não é preciso muito para se dizer tudo.
Até o Silêncio traz em si enorme Tesouro.
Parabéns, Fernando,
Desejo-lhe muitos e bons anos de vida, com saúde, alegria, motivação para ir sempre descobrindo e partilhando mais coisas.
Felicidades!
E obrigada pelos bons momentos que proporciona aqui neste seu belo espaço.
Gosto muito deste poema.
Parabéns e tenha um resto de dia feliz:)
Beijinhos:)
Muito obrigado pelas vossas mensagens. Apesar de há poucos meses ter apanhado um enorme susto, com a descoberta de um tumor maligno na bexiga, já me sinto completamente recuperado, depois da complexa operação cirúrgica a que fui submetido. Sinto-me outra vez cheio de força e de energia, pronto para enfrentar mais um ano de vida.
Quanto a este poema de Sebastião da Gama, acho que ele é lindíssimo na sua aparente simplicidade. Apesar de ter morrido muito novo, Sebastião da Gama foi de facto um grande poeta.
Encontrei em várias páginas da Internet este poema atribuído a José Régio e não a Sebastião da Gama. É um completo disparate. Atribuir este poema a José Régio é mostrar que não se faz a mais pequena ideia de como é a poesia de Régio. A diferença de estilo entre a poesia dele e a de Sebastião da Gama é demasiada para poder dar lugar a confusões. O poema "equivalente" de José Régio reza assim:
Quando eu nasci, Senhor! já tu lá estavas,
Crucificado, lívido, esquecido.
Não respondeste, pois, ao meu gemido,
Que há muito tempo já que não falavas.
Redemoinhavam, longe, as turbas bravas,
Alevantando ao ar fumo e alarido,
E a tua benta Cruz de Deus vencido
Quis eu erguê-la em minhas mãos, escravas!
A turba veio então, seguiu-me os rastos;
E riu-se, e eu nem sequer fui açoitado,
E dos braços da Cruz fizeram mastros…
Senhor! eis-me vencido e tolerado;
Resta-me abrir os braços a teu lado,
E apodrecer contigo à luz dos astros!
José Régio (1901–1969)
São bem diferentes, os poemas!
Depois de um susto desses foi renascer...que tenha um ano e outros se lhe sigam, (sem mais sustos ) com muita saúde :)
Muito obrigado, mais uma vez. Saúde tem sido coisa que sempre tive ao longo da minha vida, felizmente. Nunca tive outras doenças que não fossem as gripes e constipações da praxe. Tenho a mania de que sou calorento... Ando muito à fresca... E pimba!
Só agora é que apanhei uma doença a sério. E foi logo um cancro! Mas já passou. Saiu todo com a minha bexiga original, que foi substituída por uma artificial. O médico disse-me: «Pode considerar-se curado». Curado ou não, a verdade é que continuo sob vigilância médica, mas uma vigilância muito frouxa, sem tratamentos, nem medicamentos, nem nada.
Ainda bem :)
:)
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