20 julho 2018

O ritual da arranhadura


Uma "arranhadeira", constituída por uma calote de uma cabaça com uma fiada de dentes de um peixe chamado cachorra, que vive em alguns rios do Brasil. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, a cachorra não é uma piranha, embora os dentes usados na "arranhadeira" possam parecer de piranha (Foto: Ysani Kalapalo)

O ritual da arranhadura é um ritual praticado pelos povos índios que vivem no Parque Indígena do Xingu, Mato Grosso, Brasil. É um ritual muito doloroso, que consiste em arranhar o corpo de uma pessoa com uma fiada de dentes de um peixe chamado cachorra (também chamado peixe-vampiro) até sangrar. Nos homens, o corpo é arranhado com todo o vigor; nas mulheres, um pouco mais suavemente; nas crianças, só de brincadeira. Após a arranhadura, a pele ensanguentada é lavada com uma infusão de uma determinada planta, para aliviar a dor e acelerar a regeneração da pele. Os índios creem que este ritual promove o revigoramento físico e mental da pessoa arranhada.




Uma das ocasiões em que é praticado o ritual da arranhadura é o kuarup, que consiste num conjunto de ritos e cerimónias destinados a homenagear os mortos que deixaram este mundo no ano que passou. Todos os anos se realiza um kuarup no Parque Indígena do Xingu. O de 2018 irá ser realizado entre os dias 25 e 29 de julho próximos, na aldeia do povo Kamayurá. O kuarup culmina com a luta corpo a corpo xinguana, chamada huka-huka, na qual competem os melhores lutadores das diversas aldeias do parque. No vídeo que se segue podemos ver uma reportagem sobre um kuarup ocorrido há vários anos na mesma aldeia onde irá decorrer o deste ano. Antes do huka-huka, os lutadores são submetidos ao ritual da arranhadura.




NOTA: O Youtube requer que, para podermos assistir a alguns vídeos disponíveis na sua plataforma, tenhamos que desativar o modo restrito, porque considera que esses vídeos podem incluir conteúdo impróprio. No caso concreto do segundo vídeo que aqui proponho, é colocada esta exigência, a qual é ridícula, pois a nudez que nele se observa é totalmente inocente.

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