10 março 2019

Évora Monte


Porta Nordeste de Évora Monte (Foto: Fernando Gabriel)

Apesar do seu nome, Évora Monte não tem que ver com Évora. Évora é uma cidade, a mais importante do Alentejo, e Évora Monte é uma outra localidade, situada entre Évora e Estremoz e pertencente ao concelho de Estremoz.

Há no Alentejo um pequeno punhado de povoações que podem ser consideradas "ninhos de águia". Marvão é uma delas, está claro, Monsaraz é outra e Évora Monte é outra ainda. Qualquer uma delas é digna de ser visitada, não faltando a Évora Monte motivos de interesse também. Dentro das muralhas desta vila, mandadas erguer por D. Dinis, há um pequeno punhado de ruas antigas ladeadas por casas centenárias, que parecem ter parado no tempo. Por momentos julgamos estar de volta à Idade Média.

No ponto mais alto de Évora Monte está uma portentosa fortificação que é única em Portugal, o castelo de Évora Monte. É uma torre do séc. XVI, em cujos cantos se encontram enormes torreões circulares, que são tão grandes que quase "sufocam" a torre propriamente dita. Eu não sou grande apreciador de castelos e fortalezas, salvo raras exceções (Penedono, Santa Maria da Feira, Arouce, Almourol e pouco mais), mas rendo-me perante a imponência do castelo de Évora Monte.


Castelo de Évora Monte (Foto: Nmmacedo)

É dos livros de História de Portugal que em Évora Monte foi assinado o fim da sangrenta guerra civil que opôs liberais (apoiantes de D. Pedro IV) a absolutistas (seguidores de D. Miguel). Aconteceu em 26 de maio de 1834 e ficou conhecida como "Convenção de Évora Monte". Poderíamos supor que uma tal assinatura, dada a sua importância histórica, tivesse tido lugar no imponente castelo, mas tal não aconteceu. Por incrível que pareça, a Convenção de Évora Monte foi assinada numa casa modesta da vila, onde uma lápide assinala o facto.

Nem D. Pedro nem D. Miguel estiveram presentes na Convenção de Évora Monte, mas sim os seus representantes, que foram o Marechal Saldanha e o Duque da Terceira, pelo lado dos liberais, e o general Azevedo e Lemos, pelo lado dos miguelistas. A convenção saldou-se pela capitulação total destes últimos. Ficou assim garantido o estabelecimento de uma monarquia constitucional, com a subida ao trono da filha de D. Pedro IV, D. Maria da Glória, que viria a ser coroada como rainha D. Maria II de Portugal. D. Miguel, por sua vez, foi autorizado a sair do país e acabou por se exilar na Alemanha, onde morreu.


Casa da Convenção de Évora Monte (Foto: GPSMD). Por incrível que pareça, foi nesta modesta casa e não no castelo que foi assinada a Convenção de Évora Monte. Uma lápide assinala o facto com os seguintes dizeres:

EM 26 DE MAIO DE 1834
N'ESTA CASA
DE JOAQUIM ANTONIO SARMAGO
FOI ASSIGNADA A CONVENÇÃO
DE EVORAMONTE
QUE RESTABELECEU A PAZ EM
PORTUGAL.

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