23 junho 2019

Flor da Rosa


O mosteiro fortificado de Flor da Rosa, Crato. À esquerda do portal principal, a parte monástica convertida em pousada. À direita, a igreja do mosteiro (Foto: hottholler)

O poético nome "Flor da Rosa" designa um mosteiro fortificado que fica a um par de quilómetros da vila alentejana do Crato. Este mosteiro foi sede da Ordem dos Cavaleiros Hospitalários em Portugal, desde que veio transferida de Leça do Balio ou de Belver em 1340.

A construção deste mosteiro deve-se a D. Álvaro Gonçalves Pereira (1300–1379), que foi pai de D. Nuno Álvares Pereira (entre mais 31 ou 32 filhos que teve com várias mulheres) e cujo túmulo se encontra no interior da igreja. Poderá ter sido aproveitado um templo ou mesmo um mosteiro previamente existente neste local para vir a ser a nova sede da referida ordem religiosa militar.

Apesar do seu aspeto exterior bastante maciço, próprio de uma fortaleza, a igreja do mosteiro apresenta um interior surpreendentemente alto e esguio, característico do estilo gótico. O contraste entre o robusto exterior e o etéreo interior da igreja é verdadeiramente surpreendente. Quem se limitar a ver a igreja por fora, não fará a mínima ideia de como ela é por dentro.


Interior da igreja do mosteiro de Flor da Rosa (Foto: Guia da Cidade)

Ao contrário da igreja, a parte monacal e o claustro sofreram várias e significativas alterações ao longo dos tempos, sobretudo nos sécs. XVI e XVII. Esta parte da Flor da Rosa chegou a ser usado como paço real no tempo de D. Manuel I, do qual ainda restam elementos arquitetónicos manuelinos, renascentistas e mudéjares.

Houve uma campanha de restauro desta construção entre os anos 1940 e 1960, com vista a reabilitá-la das ruínas em que se tinha transformado e a repor alguma da sua originalidade na parte gótica. Já na década de 90, a parte monástica e o claustro foram convertidos numa pousada, segundo risco do arquiteto Carrilho da Graça.


Um quarto da pousada de Flor da Rosa (Foto: Pousadas de Portugal)

Comentários: 6

Blogger Rogério G.V. Pereira escreveu...

Era curioso conhecer a taxa de ocupação...
Não se entenda este comentário como avesso ao uso do património histórico para efeitos turísticos, mas seria interessante poder integrar tal política com iniciativas culturais em parceria com as escolas e com o movimento associativo...

23 junho, 2019 19:19  
Blogger Maria João Brito de Sousa escreveu...

Recordo-me de que o meu avô materno era natural de Flor da Rosa, Crato.

Nunca lá estive, mas sou levada a pensar que terá nascido nalguma habitação erigida junto ao mosteiro, uma vez que o topónimo constava da sua certidão de nascimento...


Abraço

24 junho, 2019 09:33  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Caro Rogério, eu acredito que a taxa de ocupação da pousada de Flor da Rosa seja elevada, ainda que os preços não devam ser nada baixos. As pousadas custam os olhos da cara. O Crato não fica longe de Portalegre, Marvão, Castelo de Vide, Alter do Chão, etc. A partir do Crato rapidamente se chega a diversos destinos com elevado interesse turístico. A própria vila do Crato, embora pequena, é merecedora de uma atenta visita, pois é linda, como é timbre das vilas, aldeias e cidades do Alentejo.

Cara Maria João, o terreno em volta do mosteiro da Flor da Rosa está desimpedido, mas nas imediações fica uma pequena povoação, chamada também Flor da Rosa. O seu avô devia ser natural de lá. Votos de muita saúde.

24 junho, 2019 16:57  
Blogger Maria João Brito de Sousa escreveu...

Muito obrigada pelo esclarecimento, Fernando.

Outro grato abraço

25 junho, 2019 08:48  
Blogger Clara escreveu...

Olá Fernando,
Vim fazer-lhe uma visita e cultivar-me mais um pouco com as suas sempre interessantes publicações.
E tenho duas coisas a "confessar": a minha ignorância de não conhecer (nem de nome) este mosteiro ... e que fiquei enamorada com tal nome, que muito bem disse, ser até poético.

Também desconhecia que o pai de D.Nun' Álvares Pereira tinha sido tão profícuo fazedor de filhos. Outros tempos, outras realidades.

Deixo-lhe um abraço como prova do meu agradecimento
(^^)

27 junho, 2019 19:59  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Muito obrigado pela sua visita, amiga Clara.

Eu não disse no texto deste post, mas passo a dizer agora, que o pai de D. Nun'Álvares Pereira foi o primeiro prior do Crato. Logo, era um membro do clero. Como tal, não deveria ter deixado descendência, quanto mais 32 ou 33 filhos!

29 junho, 2019 01:41  

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