Houve um tempo que me concentrei no que o Japão dizia de nós... chamavam-nos namban-jins ao ver esta imagens de confraternização comunitária recordo um texto mais recente... este!
Amigo Rogério, gostei muito de ler o que publicou no seu blog. E gostei muito do que disse o antigo embaixador do Japão em Lisboa, Akira Miwa, sobretudo das seguintes passagens:
O interesse do (vosso) Governo está muito voltado para o centro da Europa, o que acho natural. Mas isso traz efeitos secundários. Com esse sucesso europeu, o país tende a esquecer a importância que poderia ter no resto do Mundo, fora da Europa. (...) Vocês deviam (...) nas escolas, ensinar a cultura e a história dos países por onde passaram. É uma pena não o fazerem. Faz parte da memória. Não a manter é quase esquecer o passado. Falo também da índia, da China. Estão a perder a vossa memória.
À Índia e à China, referidas por Akira Miwa, eu acrescentaria a Tailândia, o Vietname, o Sri Lanka (onde cerca de 40% dos habitantes têm apelidos portugueses), a Malásia, a Indonésia (sobretudo a ilha das Flores, além de Timor Ocidental), Myanmar (ex-Birmânia), Oman, o pequeno emirado do Bahrein (que foi português durante várias dezenas de anos, sob o nome de Barém), etc. etc. Eles sabem que existe um país chamado Portugal e que lhes deixou coisas boas e coisas más. E nós? O que sabemos deles? Absolutamente nada, ou quase.
É tempo de tirar da prateleira a "Peregrinação" de Fernão Mendes Pinto e lê-la de fio a pavio, o que não custa nada, pois é um "livro de aventuras" que faz os filmes do Indiana Jones parecerem chatos. Lá vem contado, por exemplo, o episódio da chegada dos primeiros portugueses ao Japão (concretamente a Tanegashima, onde os japoneses ergueram o seu centro espacial!) e de tudo o que sucedeu com a introdução das armas de fogo e as suas primeiras consequências.
Talvez seja tempo de ler Wenceslau de Moraes, um português que se apaixonou pelo Japão e no Japão morreu, tendo deixado obra escrita sobre a sua pátria adotiva. Talvez seja tempo de ler também Armando Martins Janeira, que foi embaixador de Portugal em Tóquio e também se apaixonou pelo Japão. Antes do 25 de Abril, o Diário de Lisboa publicava uma crónica semanal ou mensal, não me lembro ao certo, de Armando Martins Janeira falando sobre o Japão. Mas não foram só crónicas que ele escreveu, pois publicou vários livros sobre o Japão e sobre Wenceslau de Moraes.
Enfim, por essa Ásia fora e por esse mundo fora, há milhões e milhões de pessoas que aprendem sobre Portugal nos bancos da escola e que nos conhecem incomparavelmente mais do que nós as conhecemos a elas. É tempo de deixarmos de olhar apenas para a Europa e alargarmos os nossos horizontes ao resto do mundo. Para o bem e para o mal, a globalização foi inventada pelos portugueses.
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Houve um tempo que me concentrei no que o Japão dizia de nós... chamavam-nos namban-jins ao ver esta imagens de confraternização comunitária recordo um texto mais recente...
este!
https://conversavinagrada.blogspot.com/2015/04/confirma-se-mudar-o-mundo-nao-custa.html
Amigo Rogério, gostei muito de ler o que publicou no seu blog. E gostei muito do que disse o antigo embaixador do Japão em Lisboa, Akira Miwa, sobretudo das seguintes passagens:
O interesse do (vosso) Governo está muito voltado para o centro da Europa, o que acho natural. Mas isso traz efeitos secundários. Com esse sucesso europeu, o país tende a esquecer a importância que poderia ter no resto do Mundo, fora da Europa.
(...)
Vocês deviam (...) nas escolas, ensinar a cultura e a história dos países por onde passaram. É uma pena não o fazerem. Faz parte da memória. Não a manter é quase esquecer o passado. Falo também da índia, da China. Estão a perder a vossa memória.
À Índia e à China, referidas por Akira Miwa, eu acrescentaria a Tailândia, o Vietname, o Sri Lanka (onde cerca de 40% dos habitantes têm apelidos portugueses), a Malásia, a Indonésia (sobretudo a ilha das Flores, além de Timor Ocidental), Myanmar (ex-Birmânia), Oman, o pequeno emirado do Bahrein (que foi português durante várias dezenas de anos, sob o nome de Barém), etc. etc. Eles sabem que existe um país chamado Portugal e que lhes deixou coisas boas e coisas más. E nós? O que sabemos deles? Absolutamente nada, ou quase.
É tempo de tirar da prateleira a "Peregrinação" de Fernão Mendes Pinto e lê-la de fio a pavio, o que não custa nada, pois é um "livro de aventuras" que faz os filmes do Indiana Jones parecerem chatos. Lá vem contado, por exemplo, o episódio da chegada dos primeiros portugueses ao Japão (concretamente a Tanegashima, onde os japoneses ergueram o seu centro espacial!) e de tudo o que sucedeu com a introdução das armas de fogo e as suas primeiras consequências.
Talvez seja tempo de ler Wenceslau de Moraes, um português que se apaixonou pelo Japão e no Japão morreu, tendo deixado obra escrita sobre a sua pátria adotiva. Talvez seja tempo de ler também Armando Martins Janeira, que foi embaixador de Portugal em Tóquio e também se apaixonou pelo Japão. Antes do 25 de Abril, o Diário de Lisboa publicava uma crónica semanal ou mensal, não me lembro ao certo, de Armando Martins Janeira falando sobre o Japão. Mas não foram só crónicas que ele escreveu, pois publicou vários livros sobre o Japão e sobre Wenceslau de Moraes.
Enfim, por essa Ásia fora e por esse mundo fora, há milhões e milhões de pessoas que aprendem sobre Portugal nos bancos da escola e que nos conhecem incomparavelmente mais do que nós as conhecemos a elas. É tempo de deixarmos de olhar apenas para a Europa e alargarmos os nossos horizontes ao resto do mundo. Para o bem e para o mal, a globalização foi inventada pelos portugueses.
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