Poema de Alcabideche
Ó tu que habitas Alcabideche! Oxalá nunca te faltem
cereais para semear, nem cebolas, nem abóboras!
Se és homem decidido precisas de um moinho
que trabalhe com as nuvens sem dependeres de regatos.
Quando o ano é bom, a terra de Alcabideche
não vai além de vinte cargas de cereais.
Se rende mais, então sucedem-se
ininterruptamente e em grupos compactos,
os javalis dos descampados.
Alcabideche pouco tem do que é bom e útil,
como eu próprio, quase surdo, como sabes.
Eis-me em Alcabideche colhendo silvas com uma podoa ágil
[e cortante.Se te disserem: “gostas deste trabalho?” responde: “sim”.
O amor da liberdade é o timbre de um carácter nobre.
Tão bem me governaram o amor e os benefícios de Abu
[Bacre Almodafarque parti para um campo primaveril.
Ibn Muqana, de seu nome completo Abu Zayd'Abd ar-Rahmān ibn Muqana, poeta árabe da segunda metade do séc. XI, nascido e falecido em Alcabideche, entre Cascais e Sintra. Traduzido do árabe por Adalberto Alves, in Portugal na Espanha Árabe, de António Borges Coelho, Editorial Caminho, Lisboa
Moinho de vento em Alcabideche, Cascais. Ao fundo, a serra de Sintra (Foto de autor desconhecido)
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