Depois da batalha
No campo da batalha, abandonados,
Jazem por terra os mortos da campanha
Que apodrecem, do sol à luz estranha,
Ventres abertos, membros mutilados.
Destroços de canhões estilhaçados,
Atestam do combate a horrível sanha;
E o sangue dos heróis ainda banha
Dum tom sinistro as ervas dos valados…
Bandos de corvos, fartos de carnagem,
Que é quanto resta do espantoso drama,
Cortam de voos negros a paisagem…
Paira uma águia no azul, serena e forte:
— «Foi bem dura a batalha!» — (a águia exclama)
— «Mas quem venceu?» — Responde um corvo: a Morte.
João Saraiva (1866–1948)
Cena de batalha da 1.ª Guerra Mundial (Foto de autor desconhecido)
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