30 dezembro 2020

O milagre de Beethoven



Sinfonia N.º 9 em Ré Menor, op. 125, "Sinfonia Coral", de Ludwig van Beethoven (1770–1827), pela Orquestra Sinfónica da NBC, dos Estados Unidos, sob a direção do maestro italiano Arturo Toscanini (1867–1957), com a soprano Anne McKnight (1924–2012), a contralto Jane Hobson (1918–1984), o tenor Irwin Dillon (1907–2003), o baixo Norman Scott (1921–1968) e membros do coro sinfónico Collegiate Chorale


Beethoven devia ser canonizado. Se considerarmos que quem faz milagres é um santo, então Beethoven foi um santo. Esta sinfonia é um milagre.

Quando compôs a sua 9.ª Sinfonia, Beethoven estava completamente surdo. Sabia que nunca na sua vida poderia ser capaz de ouvi-la. Mesmo assim, compôs aquela que é, sem dúvida nenhuma, uma das obras mais sublimes de toda a História da música europeia.

No seu cérebro fechado aos sons do mundo, Beethoven foi capaz de criar um universo sonoro incomparável, ouvindo-o para dentro de si mesmo. Para cúmulo, coroou esta sua prodigiosa obra com a "Ode à Alegria" de Schiller. Com ela, Beethoven, o surdo, cantou a alegria contra a adversidade cruel que o atingiu, contra o destino. E venceu. Venceu-se a si próprio, venceu o destino e venceu-nos a nós todos. Devia ser canonizado.

Neste ano de 2020, que muitos de nós procurarão esquecer por causa da pandemia de covid-19 que o marcou, e em que se completaram 250 anos sobre o nascimento de Beethoven, eu não podia deixar de evocar o seu génio e o seu exemplo.

Comentários: 2

Blogger Ricardo Santos escreveu...

Perfilho o teu comentário. Beethoven era um génio que na última fase da vida dele, nem precisava ouvir, para compôr obras primas!!!

30 dezembro, 2020 19:31  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Beethoven foi um dos primeiros compositores clássicos que eu ouvi na minha vida, ainda era criança. Ainda por cima, ouvi-o numa interpretação feita por esta mesma orquestra e por este mesmo maestro, da Abertura "Egmont". Cheguei a ponderar a hipótese de partilhar um vídeo com essa interpretação da "Egmont", que está no Youtube. Mas uma coisa é uma abertura, que tem cerca de dez minutos de duração, e outra coisa é a Nona Sinfonia. Optei pela Nona e não estou arrependido, nem um bocadinho.

Embora o som seja deficiente, em resultado das limitadas capacidades técnicas existentes na época em que a gravação foi feita (ainda eu não era nascido!) esta interpretação é das melhores que já ouvi até hoje da Nona Sinfonia de Beethoven. Não quero dizer com isto que eu conheça muitas gravações, porque não é verdade, mas sim que, de todas as que já ouvi até agora, esta foi das melhores gravações. Arturo Toscanini foi, de facto, um grande maestro e isso está claramente visível neste vídeo.

02 janeiro, 2021 03:17  

Enviar um comentário