O milagre de Beethoven
Sinfonia N.º 9 em Ré Menor, op. 125, "Sinfonia Coral", de Ludwig van Beethoven (1770–1827), pela Orquestra Sinfónica da NBC, dos Estados Unidos, sob a direção do maestro italiano Arturo Toscanini (1867–1957), com a soprano Anne McKnight (1924–2012), a contralto Jane Hobson (1918–1984), o tenor Irwin Dillon (1907–2003), o baixo Norman Scott (1921–1968) e membros do coro sinfónico Collegiate Chorale
Beethoven devia ser canonizado. Se considerarmos que quem faz milagres é um santo, então Beethoven foi um santo. Esta sinfonia é um milagre.
Quando compôs a sua 9.ª Sinfonia, Beethoven estava completamente surdo. Sabia que nunca na sua vida poderia ser capaz de ouvi-la. Mesmo assim, compôs aquela que é, sem dúvida nenhuma, uma das obras mais sublimes de toda a História da música europeia.
No seu cérebro fechado aos sons do mundo, Beethoven foi capaz de criar um universo sonoro incomparável, ouvindo-o para dentro de si mesmo. Para cúmulo, coroou esta sua prodigiosa obra com a "Ode à Alegria" de Schiller. Com ela, Beethoven, o surdo, cantou a alegria contra a adversidade cruel que o atingiu, contra o destino. E venceu. Venceu-se a si próprio, venceu o destino e venceu-nos a nós todos. Devia ser canonizado.
Neste ano de 2020, que muitos de nós procurarão esquecer por causa da pandemia de covid-19 que o marcou, e em que se completaram 250 anos sobre o nascimento de Beethoven, eu não podia deixar de evocar o seu génio e o seu exemplo.
Comentários: 2
Perfilho o teu comentário. Beethoven era um génio que na última fase da vida dele, nem precisava ouvir, para compôr obras primas!!!
Beethoven foi um dos primeiros compositores clássicos que eu ouvi na minha vida, ainda era criança. Ainda por cima, ouvi-o numa interpretação feita por esta mesma orquestra e por este mesmo maestro, da Abertura "Egmont". Cheguei a ponderar a hipótese de partilhar um vídeo com essa interpretação da "Egmont", que está no Youtube. Mas uma coisa é uma abertura, que tem cerca de dez minutos de duração, e outra coisa é a Nona Sinfonia. Optei pela Nona e não estou arrependido, nem um bocadinho.
Embora o som seja deficiente, em resultado das limitadas capacidades técnicas existentes na época em que a gravação foi feita (ainda eu não era nascido!) esta interpretação é das melhores que já ouvi até hoje da Nona Sinfonia de Beethoven. Não quero dizer com isto que eu conheça muitas gravações, porque não é verdade, mas sim que, de todas as que já ouvi até agora, esta foi das melhores gravações. Arturo Toscanini foi, de facto, um grande maestro e isso está claramente visível neste vídeo.
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