Amigo, entendo que non ouvestes
Amigo, entendo que non ouvestes
poder d'alhur viver e veestes
a mia mesura, e non vos val ren,
ca tamanho pesar me fezestes,
que jurei de vos nunca fazer ben.
Quisera-me eu non aver jurado,
tanto vos vejo viir coitado
a mia mesura. Mais que prol vos ten?
Ca, u vos fostes sen meu mandado,
jurei que nunca vos fezesse ben.
Por sempre sodes de mi partido
e non vos á prol de seer viido
a mia mesura, e gran mal m'é en,
ca jurei, tanto que fostes ido,
que nunca jamais vos fezesse ben.
Cantiga de amigo de João Baveca, provavelmente jogral do séc. XIII
rem (em frases negativas) — nada
prol/proe — proveito
u — quando
mandado — consentimento, acordo
EXPLICAÇÃO
Compreendendo que o seu amigo não conseguiu estar muito tempo longe dela, e regressa agora a contar com a sua generosidade, a donzela diz-lhe que é talvez um pouco tarde: pois, quando ele partiu contra a sua vontade, jurou nunca mais lhe conceder os seus favores. E agora, embora tendo dó dele, custa-lhe quebrar essa jura.
Por sempre serdes de mi partido, / nom vos há prol de seer viido / a mia mesura, e gram mal m'é en — porque estais sempre longe, não vos adianta ter vindo apelar à minha generosidade, e isso aflige-me muito.
Compreendendo que o seu amigo não conseguiu estar muito tempo longe dela, e regressa agora a contar com a sua generosidade, a donzela diz-lhe que é talvez um pouco tarde: pois, quando ele partiu contra a sua vontade, jurou nunca mais lhe conceder os seus favores. E agora, embora tendo dó dele, custa-lhe quebrar essa jura.
Por sempre serdes de mi partido, / nom vos há prol de seer viido / a mia mesura, e gram mal m'é en — porque estais sempre longe, não vos adianta ter vindo apelar à minha generosidade, e isso aflige-me muito.
Comentários: 0
Enviar um comentário