Cortar a sua própria cabeça e sobreviver
Na mitologia popular, são contadas histórias de animais sem cabeça, mas não de cabeças sem animal. A realidade, contudo, ultrapassa a ficção. Foi descoberto um animal cuja cabeça consegue sobreviver separada do seu próprio corpo e, como se isto ainda fosse pouco, é capaz de regenerar um novo corpo a partir da cabeça cortada!
O animal em questão é um nudibrânquio pertencente a duas espécies: Elysia marginata e Elysia atroviridis. Um nudibrânquio é um molusco gastrópode sem concha, tal como as lesmas, mas vive no mar e pode exibir cores intensas e vibrantes, consoante a espécie a que pertencer. O nudibrânquio respira por guelras, que estão expostas, facto que determina a sua denominação, que significa "guelras nuas".
Uma investigadora japonesa, de seu nome Sayaka Mitoh, estava a estudar nudibrânquios num laboratório, quando presenciou aquilo que lhe pareceu ser uma cena de um filme de terror. Uma cabeça de nudibrânquio movimentava-se separada do corpo no fundo de um tanque. Julgou que a cabeça iria morrer em breve, sem um coração e sem os restantes órgãos vitais que lhe garantissem a sobrevivência, mas não foi isso o que aconteceu. Não só a cabeça não morreu, como começou a desenvolver um corpo novo ao fim de alguns dias. Menos de um mês depois, a cabeça já estava dotada outra vez de um corpo completamente desenvolvido agarrado a ela.
Fizeram-se diversas experiências com nudibrânquios das duas espécies acima referidas e concluiu-se que eles cortam a sua própria cabeça quando são parasitados por copépodes, que são crustáceos minúsculos, a fim de se livrarem deles. O modo como a cabeça consegue sobreviver sem o corpo e regenerar um novo corpo é ainda um mistério. Supõe-se que o consegue fazer por meio de fotossíntese, tal como fazem as plantas providas de clorofila, mas não há ainda nenhuma certeza sobre isto.
Comentários: 3
Não fazia a menor ideia desta competência dos nudibrânquios, mas é uma competência que, por esta altura do campeonato, me daria muito jeitinho :)
Obrigada e um abraço, Fernando!
Fernando, espero que isso seja somente com os animais irracionais :) !
A Natureza é algo que o homem está a destruir. Se calhar quer é criar a sua prórpia natureza !
Os lagartos perdem a cauda com facilidade e regeneram uma nova, mas a sua cauda não tem órgãos vitais. Regenerar um corpo inteiro é outra coisa. Pode ser que com estes nudibrânquios os cientistas aprendam algo a respeito da regeneração de tecidos e até de órgãos inteiros, sem que haja necessidade de transplantes.
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