Fremosas, a Deus grado
Fremosas, a Deus grado, tam bom dia comigo,
ca novas mi disserom ca vem o meu amigo;
ca vem o meu amigo,
tam bom dia comigo.
Tam bom dia comigo, fremosas, a Deus grado,
ca novas mi disserom ca vem o meu amado;
ca vem o meu [amado]
fremosas, a Deus grado.
Ca novas mi disserom que vem o meu amigo
e and'end'eu mui leda, pois tal mandad'hei migo;
pois tal mandad'hei migo
ca [vem o meu amigo].
Ca novas mi disserom ca vem o meu amado
e and'[end]'eu mui leda, pois mig'he[i] tal mandado;
pois mig'he[i] tal mandado
que vem o meu amado.
Bernal de Bonaval, segrel galego do séc. XIII
GLOSSÁRIO
a Deus grado — graças a Deus
ca — que, pois, porque
ende — disso, daí
leda — alegre
migo — comigo
mandado — notícia, mensagem
(Foto de autor desconhecido)
Comentários: 3
Bonita poesia deste poeta galego. Penso que a foto se coaduna com as palavras !
O galego-português (de que derivaram o galego e o português modernos) foi um dos idiomas mais utilizados pelos trovadores e jograis através da Europa na Idade Média, a par do occitano (também chamado provençal), de que o catalão é um descendente atual. Por exemplo, foi em galego-português, e não em castelhano ou leonês, que o rei Afonso X de Castela e Leão escreveu as suas centenas de cantigas, de entre as quais se destacam as Cantigas de Santa Maria. Além do latim e do grego, o galego-português foi uma das línguas cultas da Europa medieval, a par do occitano. É nosso dever promover este legado comum a portugueses e a galegos.
O galaico-português que de alguma maneira conheci, no Liceu e na minha formação incompleta em na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Obrigado Fernando
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