Cruel insensibilidade
Quando um militar português era morto ou ferido na Guerra Colonial, os seus familiares eram burocraticamente informados do infausto acontecimento através de um impessoal e desumano telegrama, de que é exemplo o que está aqui reproduzido, datado de 26 de julho de 1973, e que diz o seguinte:
MR 604224 INFORMA VEXA SEU FILHO FURRIEL MILICIANO (…) BAIXOU HOSPITAL MILITAR 22 CORRENTE ANGOLA POR MOTIVOS FERIMENTOS ADQUIRIDOS COMBATE DIAGNOSTICO AMPUTAÇÃO À PERNA DIREITA ESCREVENDO AO SR. CHEFE DO SPM 1836 PODERÁ OBTER OUTROS ESCLARECIMENTOS OCORRENCIA FAZEMOS VOTOS RÁPIDAS MELHORAS
COMANDANTE DEPOSITO GERAL ADIDOS LISBOA
Comentários: 4
Apesar de serem notícias muito cruéis sim, menos mal que não pouparam ao máximo nas palavras do telegrama pois ainda houve lugar para desejar as melhoras! (sempre foram mais quatro palavras...) (STOP)
BEIJINHOS (STOP)
(^^)
A mais não se obrigava o regime fascista :((( !!!
Aquilo que os jovens de hoje e muitos outros menos não conhecem :((( !!!
Depois de no sábado ter esgotado o stock do meu livro e de saber que a editora não tem nem mais um exemplar estou pensando em reeditar. Se o vier a fazer, será um livro ilustrado, pois tenho fotos que não se degradaram... este teu post... a imagem do telegrama... havemos de falar na melhor oportunidade...
Os votos de rápidas melhoras no telegrama são uma nota de humor negro, de péssimo gosto. A insensibilidade do regime fascista ultrapassava todos os limites. As melhoras desejam-se a quem está constipado, por exemplo. Para quem ficou sem uma perna, que melhoras serão possíveis?
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