Galáxias em interação
(Foto: ESA/Hubble & NASA, J. Dalcanton, Dark Energy Survey, U.S. Department of Energy (DOE), Fermilab (FNAL), Dark Energy Survey Camera (DECam), Cerro Tololo Inter-American Observatory (CTIO), NoirLab/National Science Foundation/AURA, European Southern Observatory (ESO); Acknowledgment: J. Schmidt)
O telescópio espacial Hubble está quase a atingir a sua aposentação, depois de muitos anos de uma gloriosa "vida", durante a qual nos deu imagens do nosso universo como nunca tinham sido vistas antes e que puseram a humanidade com a boca aberta de espanto.
O telescópio Hubble vai finalmente ser substituído pelo telescópio James Webb, que acabou de chegar ao seu ponto de destino, o chamado ponto L2, o segundo dos cinco pontos de Lagrange, que são os pontos onde as atrações gravitacionais da Terra e do Sol se anulam mutuamente. Enquanto estiver no seu ponto de Lagrange, o Webb não sofrerá a influência de qualquer força que o tire do seu lugar.
A colocação no espaço do telescópio Webb decorreu sem quaisquer incidentes e agora procede-se à afinação dos seus instrumentos de bordo. Se tudo continuar a decorrer como até aqui, em breve iremos começar a receber imagens do Webb com uma nitidez e uma resolução nunca antes igualadas, nem pouco mais ou menos, nem sequer pelo Hubble. Que surpresas, que descobertas e que maravilhas o Webb nos reserva? Enquanto o Webb não entrar em ação, vamo-nos contentando com as imagens que continuam a ser-nos enviadas pelo velhinho e obsoleto Hubble, essa querida relíquia da tecnologia do séc. XX.
A imagem que acima se mostra é uma das últimas que o Hubble nos enviou. Ela mostra-nos três galáxias em grande plano, duas das quais estão a interagir entre si. A galáxia mais à direita, que deve ter uma massa superior, está a desfazer a galáxia do meio, atraindo para si, através da sua força da gravidade, as estrelas e as poeiras que constituem a outra. Este é um processo lentíssimo, dadas as colossais distâncias envolvidas. Daqui por milhões e milhões de anos, restará uma só galáxia, resultante da fusão destas duas. A galáxia mais à esquerda, por sua vez, sofre um pouco os efeitos deste cataclismo mas, por estar mais afastada, talvez escape.
Espalhadas pelo fundo da imagem, veem-se dezenas e dezenas de outras galáxias, muito mais distantes, cada uma das quais com centenas de milhões de estrelas. À esquerda, um ponto brilhante, com um padrão de interferência ótica em forma de cruz produzido no próprio telescópio Hubble, corresponde a uma estrela que está muitíssimo mais próxima de nós e pertence certamente à nossa própria galáxia, a Via Láctea.
O que se vê nesta imagem é uma premonição do destino que irá ter a própria Via Láctea daqui a 4,5 mil milhões de anos. Na verdade, a nossa galáxia e a sua grande vizinha mais próxima, que é a galáxia de Andrómeda, estão em rota de colisão. A Via Láctea tem cerca de 300 mil milhões de estrelas (3 x 1011), entre as quais uma estrela chamada Sol, e um diâmetro à volta de 150 mil anos-luz (aproximadamente 1,41912 x 1018 km). Andrómeda tem 1 bilião de estrelas, isto é, um milhão de milhões (1 x 1012) e um diâmetro de 220 mil anos-luz (aproximadamente 2,081376 x 1018 km). Após o seu encontro, ambas perderão a linda forma em espiral que agora têm (embora a Via Láctea seja um pouco empenada, como se descobriu recentemente) e no final deverá ficar uma única e gigantesca galáxia com forma elíptica, resultante da fusão das duas.
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