As ruínas romanas de Pisões, Beja
Peristilo com implúvio da villa romana de Pisões, Beja (Foto: Castela)
A escassos quilómetros da cidade de Beja estão as ruínas de uma villa romana, que poderão ser consideradas das mais interessantes ruínas romanas existentes em Portugal: a villa de Pisões. Tive a oportunidade de a visitar há alguns anos, numa das minhas deslocações a Beja, cidade que muito prezo, porque nela me sinto como se estivesse em casa.
A villa romana de Pisões foi habitada entre os séc. I e IV da nossa era e dela restam, nomeadamente, alguns belíssimos mosaicos e os banhos privados mais bem preservadas do nosso país. Numa página dedicada a esta villa que se encontra no site da Câmara Municipal de Beja, pode ler-se o seguinte:
A villa romana de Pisões foi acidentalmente descoberta em fevereiro de 1967, no decurso de trabalhos agrícolas, tendo as escavações arqueológicas então iniciadas revelado uma villa de grande interesse do ponto de vista do património histórico. Subsistem, no Alentejo, inúmeros testemunhos arqueológicos destas estruturas agrárias romanas, designadas por villae, que caracterizam um tipo de ocupação e exploração agrícola do território.
Nelas, culturas como a da vinha e da oliveira, produção de cereais e de gado, destinar-se-iam ao abastecimento dos mercados de Pax Iulia (designação de Beja na época romana) ou de outrascidades do Alentejo e Algarve, bem como do exército e de coutos mineiros como Vipasca (Aljustrel) e Mina de S. Domingos. Eventualmente, alguns produtos poderiam ser exportados para outras regiões do Império Romano. A villa de Pisões, ocupada no período romano entre os séculos I e IV d.C., só se encontra parcialmente escavada, compreendendo parte significativa da pars urbana (parte da villa que servia de residência aos seus proprietários), com mais de quarenta divisões dispostas em torno de um pátio central descoberto, denominado peristilo. A fachada, que seria porticada, estaria virada a sul, abrindo sobre um grande tanque ainda hoje bem conservado. São os mosaicos da villa romana de Pisões que constituem a sua maior riqueza plástica, podendo admirar-se uma apreciável diversidade de painéis de diferentes períodos da história romana, destacando-se vários estilos decorativos e iconográficos. Dignos de destaque são, igualmente, o edifício termal, com a sua planta bem definida e o hipocausto muito bem conservado, e o paredão de uma barragem romana, situado a cerca de duzentos metros da villa, a qual teria como função constituir-se como uma reserva de água para o abastecimento da exploração agrícola e para a vida doméstica. Para além de Pisões conhecem-se, no atual concelho de Beja, vários sítios identificados como villae, que não foram objeto de escavações sistemáticas, mas que apontam para uma forte exploração do espaço agrícola da zona envolvente da antiga Pax Julia.
(Foto: Castela)
A suástica aparece frequentemente representada em mosaicos romanos como motivo decorativo. É evidente que a sua simbologia atual não existia no tempo da Antiguidade Clássica. Mesmo na Índia e no Paquistão atuais, a suástica é abundantemente representada como símbolo solar e não como símbolo maléfico (Foto: AlMare)
(Foto de autor desconhecido)
(Foto: Castela)
(Foto: José Ferrolho)
Comentários: 5
Enfim disponível, o senhor blogger!
Muito belas, as fotografias das ruínas romanas de Pisões. Não sei se mais belas, mas certamente ainda mais intrigantes são as voltas que os símbolos vão dando ao longo da História...
Outro abraço!
Cara Maria João,
Obrigado pelo seu comentário. Eu ainda não me tinha apercebido do problema que havia em comentar aqui. Assim que a Maria João me avisou, abri a página de definições do blog e vi que estava ativada a verificação de palavras (a chamada "captcha"), que é coisa que o Blogger abandonou há tempos. Abandonou-a, mas manteve-a nas definições. Desativei-a e a seguir o seu comentário conseguiu entrar. Espero que o problema tenha ficado resolvido.
Um abraço
È como se tivesse viajado...
(Beja faz parte da minha costela, faz parte do Meu Sangue Mouro)
Caro Rogério,
Todos os portugueses têm sangue mouro, mesmo aqueles que o renegam por serem do Norte. Alguns exemplos:
- No concelho de Caminha existe uma aldeia que ficou famosa por causa de um festival de música, que é Vilar de MOUROS.
- Mais para o interior, desagua no Rio Minho, perto de Monção, um rio nascido na serra de Castro Laboreiro chamado Rio de MOURO (tal como no concelho de Sintra).
- No concelho de Bragança existe uma freguesia chamada São Pedro de SARRACENOS.
- Nos arredores do Porto existe uma localidade (acho que até já tem o estatuto de cidade), do concelho de Valongo, que tem o nome árabe de ALFENA.
- Em Vila Nova de Gaia, fica uma freguesia com o nome árabe de MAFAMUDE.
- Aqui mesmo onde resido, na cidade do Porto, está a freguesia de ALDOAR (há quem duvide que este nome seja árabe, apesar de começar por Al-), que tem um bairro e uma rua chamados Fonte da MOURA.
- etc.
Todos estes nomes apontam para o facto de que os mouros também andaram por aqui, mesmo que não tenha sido por muito tempo. A cidade do Porto, nomeadamente, esteve na posse dos mouros durante cerca de cem anos e, como se vê, alguma coisa eles deixaram.
Mesmo que os mouros não tivessem conquistado estas terras, como na verdade conquistaram, eles assolaram estas costas em atos de pirataria (tal como os vikings, aliás). Daí ficou o dito popular «Anda MOURO na costa»...
Se no Natal e final do ano passar por Beja, irei certamente dar uma volta nessas ruínas !
Fernando obrigado
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