As quatro encarnações de um médico
Quando um doente precisa de ser salvo, o médico é Deus
Enquanto o doente é tratado, o médico é um anjo
Quando o doente melhora, o médico é apenas um homem
Quando, após a cura do doente, requer o pagamento dos serviços prestados, o médico é Satanás
Esta série de quatro gravuras, feitas em 1587 segundo uma técnica chamada intaglio, é da autoria de Hendrick Goltzius (1558–1617), pintor e gravador neerlandês, e representa as formas sob as quais um médico era visto pela sociedade do seu tempo e, talvez, de todos os tempos.
Comentários: 3
Que maravilha de gravuras!
Não paguei nada pela minha cirurgia que foi feita no SNS, mas como estou com a boca cheia de bolhas e em carne viva, parece-me que vou escolher a última gravura para representar o meu estomatologista cirurgião, que acredito, não tenha tido culpa nenhuma do meu mal-estar...
Um abraço, Fernando!
Pode parecer mentira, mas estas gravuras fazem parte das minhas recordações de infância. Havia umas reproduções delas nas paredes da sala de espera do consultório do médico que tratava da minha família. Naquele tempo não havia SNS e ele exercia a medicina em regime liberal, dependendo dos pagamentos das consultas para viver.
Vi as gravuras inúmeras vezes, porque eu era um miúdo muito enfermiço e, por isso, a minha querida e saudosa mãe fartava-se de me levar lá à consulta. Ele era um médico competentíssimo que, embora fosse de medicina geral, me tratou tão bem como o melhor dos pediatras. Estou plenamente convencido que foi graças a ele que me tornei num adulto extraordinariamente saudável, pelo menos até ao aparecimento de um tumor maligno há oito anos, que me "roubou" a bexiga e a próstata (mas isto não é para aqui chamado). Quando ele faleceu, deram logo o seu nome à rua onde tinha residido.
Nenhum dos grandes pediatras que me seguiram me livrou de ser uma adulta enfermiça. As doenças autoimunes eram ainda um mistério nos anos 50 e 60 do século passado...
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