16 dezembro 2011

Alguns pelourinhos

O pelourinho da cidade de Pinhel (Foto: Geoppp)

O pelourinho é uma construção de pedra caracterizada, sobretudo, por uma coluna erguida verticalmente. A existência de pelourinhos em muitas vilas e cidades portuguesas testemunha o exercício, no passado, de um poder local efetivo, que no caso dos municípios era exercido pelos chamados "homens bons". Além de servirem como afirmação deste poder, os pelourinhos tinham como função exporem ao vexame público os criminosos, que eram amarrados  a eles.

Há muitos pelourinhos em Portugal, de muitas e variadas formas. Entre os mais espetaculares contam-se os pelourinhos de gaiola, abundantes sobretudo em Trás-os-Montes e nas Beiras, de que o pelourinho da cidade de Pinhel é um excelente exemplo.


O pelourinho da cidade de Bragança (Foto: Câmara Municipal de Bragança)

O pelourinho de Bragança tem a particularidade de assentar sobre um berrão, isto é, uma escultura pré-romana que representa um animal, geralmente identificado como uma porca ou, então, uma ursa. O berrão mais conhecido é uma escultura que existe em Murça e a que se dá o nome de "Porca de Murça".


O pelourinho da vila de Colares, Sintra (Foto: Dias dos Reis)

Na região da Estremadura abundam os pelourinhos manuelinos e renascentistas. Um belo exemplar de pelourinho manuelino é o de Colares, no concelho de Sintra, que é muito elegante e harmonioso.


O falso pelourinho do Porto (Foto: pitai)

A cidade do Porto não tem pelourinho. Tanto quanto eu julgo saber, nunca teve teve um pelourinho na Ribeira, mas que desapareceu há muito, talvez no séc. XVIII ou início do XIX, quando se demoliu o troço da muralha fernandina que separava a Praça da Ribeira do rio. O pelourinho estaria do lado de fora da muralha, junto à desparecida Porta da Ribeira. A coluna salomónica que se ergue no Terreiro da Sé e a que geralmente se dá o nome de pelourinho, não o é de facto. É um pelourinho de faz-de-conta. É um pastiche pseudo-barroco, feito na década de 40 do séc. XX... Não é feio e preenche bem o vazio existente no Terreiro da Sé, mas o seu valor histórico é completamente nulo.


Pormenor do pelourinho de Vila do Conde (Foto: Manuel José Cunha)

Um pelourinho muito curioso é o de Vila do Conde. É encimado por um espigão de ferro, do qual sai um braço com uma espada em riste, afirmando um poder local forte e determinado. Não conheço outro pelourinho assim.


Pormenor do pelourinho da vila do Soajo, Arcos de Valdevez (Foto: soajo.net)

Ainda mais curioso é o pelourinho do Soajo, no concelho dos Arcos de Valdevez. É um pelourinho patusco, divertido e enigmático. Praticamente nada se sabe sobre ele. Alguns autores acham que ele é muito antigo, dada a sua rusticidade, outros respondem que não, pois o triângulo de pedra que o encima não seria mais do que um chapéu tricórnio, usado no séc. XVII.


O pelourinho do Soajo em "corpo inteiro" (Foto: Joseolgon)

Segundo uma interpretação corrente deste estranhíssimo pelourinho, ele não significaria mais do que uma lança ao alto, com um pão espetado na ponta. O pelourinho seria, assim, uma representação figurativa de uma ordem que o rei D. Dinis teria dado, segundo a qual os nobres não poderiam permanecer na vila do Soajo mais tempo do que leva um pão a arrefecer na ponta de uma lança...


Seria imperdoável falar do Soajo e não referir os seus espigueiros... Aqui estão eles. Parecem templos, mas não são mais do que celeiros dedicados à guarda do milho e de outros cereais. As cruzes que encimam os espigueiros têm como função abençoar os grãos que neles se guardam, protegendo-os de raios e feitiçarias (Foto: Josep Renalias)

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