23 abril 2014

Tradição e modernidade — 2

Duas moças mumuílas numa rua do Lubango, Angola (Foto: Hill DO Foto Dadilson)

Comentários: 9

Blogger NAMIBIANO FERREIRA escreveu...

Excelente foto, sobretudo referindo-se a uma das etnias, a par do ovakuvale, que mais resistem á ocidentalizacao e ao cristianismo, mas nao á tecnologia como o meu caro amigo aqui já tem publicado.

Kandandu

23 abril, 2014 14:12  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Creio que foi em "Vou Lá Visitar Pastores" que Ruy Duarte de Carvalho deu uma explicação para a resistência dos ovakuvale (ou mucubais) à ocidentalização. É certo que o livro já foi escrito há uns vinte anos ou mais (ou estarei a exagerar?), mas parece-me que neste e noutros aspetos ele se mantém atual. Escreveu Ruy Duarte de Carvalho (estou a citar de cor) que os kuvales (como ele lhes chamava) eram ricos graças ao seu gado. Tão ricos eram eles que, se quisessem, poderiam comprar carros, casas e tudo o mais que desejassem. Bastava-lhes para isso vender uns quantos bois por muito bom preço, porque o mercado estava ávido de carne, e ainda lhes sobrariam muitos bois. Então porque era que os kuvales continuavam a levar uma incómoda vida seminómada, percorrendo quilómetros e quilómetros a pé com o seu gado, de um lado para o outro, em função das chuvas e das estiagens? Porque, segundo Ruy Duarte de Carvalho, se eles alterassem o seu modo de vida, adotando hábitos mais sedentários e cedendo às comodidades modernas, acabariam por empobrecer. Dadas as condições existentes na região por eles habitada, em termos de configuração do terreno, de clima, etc., o modo de vida tradicional era o mais adequado para a sua própria sobrevivência e para a sua riqueza.

Como os mumuílas também são um povo agropastoril, talvez se lhes possa aplicar também a explicação dada por Ruy Duarte de Carvalho para a rejeição da ocidentalização por parte dos mucubais, embora mumuílas e mucubais não pertençam ao mesmo grupo etno-linguístico. No fundo, não será a modernidade nem a tecnologia que eles rejeitam, mas sim a alteração de um estilo de vida que será o mais adaptado à região por eles habitada.

24 abril, 2014 01:06  
Blogger NAMIBIANO FERREIRA escreveu...

Vou lá visitar pastores é de 1999, li o livro mas já nao o tenho, foi emprestadado....
Estou actualmente a ler Lavra, a poesia completa de Ruy Duarte de Carvalho, um excelente poeta. Só tinha lido Chao de Oferta e Das decisoes da Idade.
Vou levar a foto para a Ondjira, é uma preciosidade... Posso?

abraços

24 abril, 2014 08:09  
Blogger NAMIBIANO FERREIRA escreveu...

Nao esperei pela resposta, já lá está.
Mas deixo aqui uma postagem feita hoje, que dedico ao meu caro Fernando.

Kandandu

24 abril, 2014 11:02  
Blogger NAMIBIANO FERREIRA escreveu...

Desculpas, esqueci o link
http://poesiangolana.blogspot.co.uk/2014/04/a-beleza-das-mulheres-ovakuvale-e-um.html

24 abril, 2014 11:03  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

A mim, o livro que me chamou a atenção para Ruy Duarte de Carvalho na sua qualidade de escritor foi Como se o Mundo não Tivesse Leste, que li, talvez, em finais da década de 70. Mas já lhe conhecia a sua faceta de cineasta. Por volta de 1976 ou 77 assisti à exibição de um seu documentário sobre a festa da puberdade feminina, no Cineclube do Porto, de que eu era sócio. Nessa sessão, travei conhecimento pessoal com um outro grande poeta angolano, David Mestre, também já falecido, com quem fiquei a conversar na companhia de outra pessoa pela noite e madrugada fora até ser dia...

24 abril, 2014 23:25  
Anonymous Akiagato escreveu...

O contraste é fabuloso e a África continua linda.

25 abril, 2014 18:10  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Há muito tempo que não tinha notícias suas, caro Teófilo M. "Akiagato". Bons olhos o vejam!

26 abril, 2014 03:30  
Blogger F.A escreveu...

FX

05 fevereiro, 2017 13:31  

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