Dois nus numa paisagem exótica
Baigneuses: Deux nus dans un paysage exotique, óleo sobre tela de Jean Metzinger (1883–1956), c. 1905, Coleção Carmen Thyssen-Bornemisza, Espanha
Baigneuses: Deux nus dans un paysage exotique é um quadro a óleo da autoria do pintor francês Jean Metzinger (1883–1956), que foi um dos mais revolucionários artistas plásticos europeus do séc. XX.
Este quadro é um excelente exemplo de estilo divisionista, um estilo nascido ainda no séc. XIX, em que as cores não se encontram misturadas na tela, antes se nos mostram repartidas por pontos e pequenas manchas de tons puros. É no próprio cérebro humano, e não na mistura das tintas, que se faz a combinação dos tons com vista à perceção das cores pretendidas.
É de realçar que, neste quadro, Metzinger representa as figuras humanas com tons quase naturais, enquanto a paisagem ao fundo se apresenta em tons acentuadamente artificiais e vibrantes. Não é, portanto, pela intensidade da cor que o pintor chama a nossa atenção para as figuras principais. Ele chama a nossa atenção através de uma representação tridimensional, enquanto o fundo se nos mostra completamente plano. As duas mulheres nuas aparecem-nos em "relevo" relativamente ao resto do quadro.
Comentários: 5
Fernando, não sou nem de longe nem de perto um conhecedor de pintue. Gosto muito do que vejo muitas vezes em pintura e outras vezes muito pouco.
Gosto do estilo divisionista de Metzinger e diferença de cores, como explicas, entre os corpos e o resto.
Quando olho a arte
passo ao lado, sempre
da técnica usada
não pinto, se pintasse
usaria
uma muito minha
tenho sala para esse quadro
(gosto de nus!)
Uma vez, ouvi uma pintora dizer mais ou menos o seguinte: «O que eu me rio com o que os críticos de arte escrevem acerca dos meus quadros! Atribuem-me razões e intenções que nunca, nem por um momento, passaram pela minha cabeça. E são capazes de escrever páginas e páginas inteiras, a tentarem explicar a razão por que eu fiz um traço assim e não assado, ou por que eu usei uma certa cor e não outra. Eu não fiz nada disso! Eu só fiz o que no exato momento em que estava a pintar me ocorreu fazer, sem qualquer intenção concreta. Só porque sim! Calhou sair assim. Quando eu começo a pintar, tenho uma ideia daquilo que pretendo fazer, mas depois, à medida que o quadro vai sendo preenchido, sigo o que a minha intuição me vai ditando. Quantas vezes a obra final é completamente diferente do que eu tinha pretendido fazer no início. Saiu assim! Pronto!»
Podemos dizer que a Arte é intuitiva por natureza. Se ela não for intuitiva, deixa de ser Arte e passa a ser apenas técnica. Ora eu, talvez por deformação profissional, tendo a valorizar a técnica mais do que devia. Acabo por fazer uma figura semelhante à dos críticos. Então, proponho o seguinte: esqueçamos tudo o que escrevi sobre este quadro, olhemos para ele com atenção e deixemo-lo impressionar a nossa sensibilidade e a nossa emoção estética. Só porque sim.
Sei como é, Fernando. Isso tanto se aplica à pintura quanto à poesia :)
Abraço!
Não consigo lembrar-me ao certo de qual foi a pintora que disse as palavras sobre os críticos de arte, mas parece-me que foi Graça Morais. Ou então foi Gracinda Candeias, mas inclino-me mais para Graça Morais.
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