Elvas
Vista aérea do centro histórico de Elvas (Foto de autor desconhecido)
Não há outra cidade como Elvas. Justamente classificada como Património da Humanidade, a Cidade-Quartel Fronteiriça de Elvas é única e inigualável. Comparadas com ela, a vila de Almeida ou a fortaleza de Valença parecem castelinhos de brincar.
As origens de Elvas são muito remotas. Talvez Elvas tenha a sua origem num antigo castro celta, situado no local onde hoje está o castelo da cidade, castro este que foi sendo sucessivamente conquistado e ocupado por romanos, visigodos, árabes e portugueses.
Dada a sua localização fronteiriça, Elvas foi evoluindo ao longo dos séculos no sentido de se tornar cada vez mais um reduto defensivo, até que no séc. XVII se transformou numa poderosíssima fortificação, juntamente com os fortes vizinhos da Graça e de Santa Luzia, além de mais alguns fortins. Desempenhou um papel decisivo na defesa da independência de Portugal em 1659, como palco de uma batalha que se chamou das Linhas de Elvas, na qual os portugueses derrotaram os espanhóis de forma esmagadora. Graças a uma tal vitória, a independência de Portugal ficou assegurada até hoje.
Durante séculos e séculos, Elvas foi uma cidade militar (a chamada Praça-Forte de Elvas), habituada ao tilintar das espadas, ao toque dos clarins, ao ritmo compassado das botas, à presença constante das fardas nas suas ruas e travessas. Tudo isto desapareceu. Ficaram as muralhas (que chegam a ter vários metros de espessura!), as torres, os baluartes, as ameias, as guaritas, etc. O antigo Regimento de Lanceiros 1 é agora um museu militar. O antigo Batalhão de Caçadores 8 deu lugar a um hotel e à Escola Superior Agrária de Elvas. O Forte da Graça foi desativado e é agora uma atração turística que causa espanto a quem o visita. O comando da Praça-Forte de Elvas acabou. O Hospital Militar de Elvas foi encerrado. As portas da cidade deixaram de ser fechadas à noite, como acontecia há poucas dezenas de anos ainda!
Aqueduto da Amoreira, Elvas (Foto: Ann & Richard)
Tudo isto passou à História e hoje Elvas é uma cidade aberta, cosmopolita e hospitaleira, graças sobretudo à abolição da fronteira no âmbito do chamado Espaço Schengen, do qual Portugal e Espanha fazem parte. Em vez de hostilizar os espanhóis, Elvas constituiu com a vizinha cidade espanhola de Badajoz e com a cidade portuguesa de Campo Maior uma "eurocidade", com vista a um crescimento conjunto e harmonioso dos respetivos centros urbanos e à partilha entre si de diversas infraestruturas.
Elvas transfigurou-se sem deixar de ser ela própria, com a sua igreja matriz dedicada a Nossa Senhora da Assunção (antiga sé catedral, do tempo em que Elvas era cabeça de diocese), o seu pelourinho manuelino, o seu castelo, as suas ruínas do convento de São Paulo, o seu espantoso aqueduto da Amoreira, o seu museu de arte sacra (onde está uma belíssima imagem quinhentista de Nossa Senhora dos Açougues), os seus chafarizes e tantas coisas mais. A cada passo, encontra-se História em Elvas. Quem visitar Elvas, não se arrepende. Garanto.
Igreja de Nossa Senhora da Assunção, que foi sé catedral e agora é igreja matriz, Elvas (Foto de autor desconhecido)
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